O Google entregou nesta quinta-feira, 27, o documento de defesa da acusação de que manipula resultados de buscas para favorecer os próprios serviços, em detrimento dos consumidores, à Comissão Europeia, principal autoridade antitruste da União Europeia. A empresa negou a prática de favorecimento, argmentando que havia uma concorrência significativa no mercado de buscas online Europeu à época em que as empresas protocolaram as queixas, e que o site sempre ofereceu possibilidades de escolha para os consumidores locais.
Margrethe Vestager, chefe antitruste da União Europa, oficializou as acusações contra o Google em abril, destacando que a empresa abusou da sua posição dominante no mercado de buscas na web para beneficiar alguns dos seus serviços. A empresa detém 90% de participação no mercado de buscas da Europa, ante cerca de 65% nos Estados Unidos.
Em um post de blog da empresa nesta quinta-feira, Kent Walker, conselheiro geral do Google, rejeitou as acusações de que as atividades da companhia tenham inibido a concorrência online. Ele diz que vários rivais — incluindo grandes empresas americanas, como a Amazon e o eBay — continuam a competir com o Google nas buscas online. Walker acrescentou que, em vez de reduzir a concorrência, o Google enviou cerca de 20 bilhões de referências a outras empresas de internet na Europa durante a última década, levando a um aumento de 227% no tráfego de web para esses sites.
O executivo disse também que as buscas do Google fornecem desde resultados individuais sob medida — e específicos — até resultados gerais para consultas online. "Qualquer tentativa de alterar a forma como a empresa oferece resultados de buscas poderia prejudicar a qualidade e a relevância dessas consultas", alertou. "Acreditamos que as conclusões preliminares da objeção estão erradas, como uma questão de fato, direito e economia", disse Walker, em referência à acusação da Comissão Europeia.
"O nosso mecanismo de buscas foi projetado para fornecer os resultados mais relevantes e anúncios úteis para qualquer consulta", acrescentou Walker. "Os usuários e anunciantes se beneficiam quando fazemos isso bem. O mesmo acontece com o Google."
A Comissão Europeia irá analisar a resposta da empresa. Muitas das empresas que encaminharam reclamações ao órgão antitruste são americanas, como a Microsoft e o Yelp, bem como várias companhias de tecnologia européias, de mídia e editoras.
Mesmo com o envio das respostas pelo Google, a decisão final sobre o caso só deve sair no fim do ano, de acordo com funcionários do órgão europeu e executivos da indústria ouvidos pelo The New York Times.
As respostas do Google às acusações de práticas anticoncorrênciais surge duas semanas depois de a companhia anunciar uma ampla reestruturação, que culminou com a saída de Larry Page do cargo de CEO, e a nomeação de Sundar Pichai para o seu lugar, além da criação da Alphabet, que irá operar como holding do Google e outras empresas do grupo. A reorganização, no entanto, não alterará o caso antitruste.
O envio das respostas do Google era esperado inicialmente para o dia 17 deste mês, mas as autoridades europeias concederam prazo extra de duas semanas para a empresa enviar sua defesa.
As possíveis sanções ao Google, no caso de condenação, foram enviadas à empresa em abril e, em junho, aos concorrentes que formalizaram a queixa na Comissão Europeia, que poderá multá-la em até US$ 6,7 bilhões, ou 10% da sua receita anual.