Lenovo finaliza aquisição da Motorola Mobility e garante: nada muda para o Brasil

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A Motorola Mobility agora é oficialmente uma empresa da Lenovo. A transação, anunciada em janeiro por US$ 2,91 bilhões (podendo haver alguns ajustes pós-transação), foi concluída nesta quinta-feira, 30, depois de receber aprovações regulatórias de autoridades de competição nos Estados Unidos, China, União Europeia, Brasil e México, além do Comitê de Investimento Estrangeiro nos EUA (CFIUS). E a estratégia de não mexer em time que está ganhando parece estar definida, já que na teleconferência para a imprensa uma das palavras mais repetidas pelos executivos das empresas foi "manter". Mas, se por um lado elas vão continuar diferenciando as marcas e seus produtos, poderão aproveitar as sinergias das cadeias de fornecimento e de venda, por exemplo. E isso vale para a atuação brasileira também, que terá não apenas duas, mas três marcas do mesmo grupo.

Perguntado por este noticiário se haveria alguma mudança nos planos das empresas no Brasil, o presidente e diretor executivo de operações (COO) da Motorola, Rick Osterloh, confirmou: "Não haverá nenhuma mudança no Brasil, estamos bem comprometidos. Consideramos o País como nossa segunda casa, temos várias fábricas e vamos continuar com os compromissos", assegurou, ressaltando que o mercado brasileiro é "uma parte crítica da nossa operação".

Até porque, como lembrou o vice-presidente da Lenovo e presidente da divisão Mobile Business Group da fabricante chinesa, Liu Jun, o Brasil é "um dos maiores mercados para a Motorola, onde temos 16% de share". Isso não afetará também a operação local da companhia com outro negócio adquirido, a CCE. "Vamos manter a marca, mas é uma posição diferente. A CCE é nível de entrada (de aparelhos), enquanto a Motorola e a Lenovo são mais mainstream. É outra complementaridade, uma combinação", declarou Jun, que agora também será chairman da mesa de diretores da Motorola.

A fabricação de aparelhos da Motorola no País continuará. A estratégia da empresa no mundo é de parceria OEM, enquanto a Lenovo faz um modelo híbrido, com OEM e capacidade interna. Embora Jun diga que está trabalhando em planos futuros, garante que a estratégia continua a mesma a curto prazo.

Essa estratégia para o Brasil parece ser a mesma que será adotada para mercados em desenvolvimento. "Ambas as marcas têm bons negócios na Índia, com a Lenovo talvez nos canais offline, e a Motorola no online. Acho que é uma boa combinação", declara Jun. Juntas, as empresas serão o terceiro maior player no mercado indiano, atrás apenas de Samsung e da fabricante local Micromax, citando dados do IDC.

Como está

Além de manter Rick Osterloh no comando, a Motorola continuará com sua sede mundial em Chicago, e trará cerca de 3,5 mil funcionários no mundo (incluindo 2,8 mil dos Estados Unidos) para a Lenovo. O Google manterá também a maioria do portfólio de patentes da Motorola Mobility, enquanto a fabricante receberá a licença de uso dessas e de outras propriedades intelectuais. A Motorola manterá mais de dois mil ativos de patente e vários acordos de licença cruzada, além da marca.

De acordo com Osterloh, um dos pontos mais festejados das recentes linhas de smartphones da Motorola, o Moto G, E e X, será também o mesmo: a utilização do sistema Android quase que limpo e com atualizações rápidas. "Não há planos para mudar a estratégia de software, é essencial para marca e é o que as pessoas querem. Damos às pessoas a oportunidade de personalizar seus telefones, e isso está intrínseco com a identidade da Motorola", declara. Isso, no entanto, não mudará a política de relação da Lenovo com seus smartphones, que continuarão com sua interface modificada.

Se essas estratégias relacionadas às marcas permanecem, no operacional as empresas esperam por um grande ganho de escala. "Há uma sinergia enorme em complementaridade entre os negócios. Se você ver o que a Motorola faz hoje em 45 países, e o que a Lenovo faz hoje no mundo, há grande oportunidade para vender produtos da Motorola pelos canais da Lenovo, e produtos Lenovo pelos canais da Motorola", explica Rick Osterloh. "Em algumas cadeias de valor, como a de fornecimento e força de venda, vamos tentar entregar ambos os lados para fazer negócio", explica o CEO da Lenovo, Yang Yuanqing.

O CEO rechaça, inclusive, que poderia haver qualquer preocupação com o fato de que a Lenovo é uma empresa chinesa. Ele lembra que obteve a aprovação de vários governos, incluindo o norte-americano, e que tem o apoio desses países. "Não achamos que temos problemas de segurança em mercado algum do mundo. A Lenovo tem sido vista como uma companhia transparente. Não somos só uma companhia chinesa, somos globais."

Futuro

Embora não tenham falado de planos de longo prazo, os executivos mostraram empolgação com as possibilidades. Yuanging ressalta o recente sucesso da Motorola com sua linha Moto e os recém-lançados Nexus 6 e Droid (nos Estados Unidos, em parceria com a operadora Verizon), além do wearable Moto 360. "A Motorola Mobility já está vencendo no mercado, e prevejo crescimento forte para a Lenovo no futuro", disse. "Nossa meta é vender um milhão de dispositivos nesse ano fiscal, que encerra em março. E eu estou certo que vamos chegar a isso", completa, afirmando que espera que o negócio gere lucro em três a quatro trimestres.

Outra possibilidade com a incorporação é a volta da Motorola ao mundo dos tablets. "A Lenovo é o número três no mundo, então é uma oportunidade bem grande, estamos muito empolgados com a possibilidade futura", espera Rick Osterloh.

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