UE pressiona empresas de internet dos EUA para liberarem acesso a dados de usuários

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Autoridades da União Europeia estão pressionando grandes empresas de internet dos Estados Unidos para que liberem o acesso aos dados de seus usuários, na esteira dos ataques terroristas ocorridos no mês passado em Paris. As solicitações feitas por órgãos de governo marcam uma mudança no debate sobre a privacidade e segurança dentro do bloco econômico.

Empresas como Facebook, Twitter, Microsoft, Apple e Google/Alphabet estiveram reunidos na quinta-feira passada, 26 de novembro, com funcionários de governo e órgãos da lei da União Europeia e dos Estados-membros, como a França, para discutir o estreitamento da colaboração no combate ao terrorismo, disseram pessoas familiarizadas com o assunto ao The Wall Street Jornal.

Funcionários de governo e executivos de tecnologia disseram que as reuniões, incluindo uma em Paris com primeiro-ministro francês Manuel Valls e outra em Bruxelas, batizadas de UE Internet Forum, tiveram como foco a discussão sobre como as empresas de internet podem contribuir para que sejam removidas rapidamente propagandas e mensagens de recrutamento do Estado Islâmico e de outros grupos terroristas a partir de sites de mídia social.

"A comunicação entre terroristas é cada vez mais efetuada utilizando técnicas de criptografia, altamente sofisticadas, e isso precisa ser tratado", disse um oficial da UE antes da reunião.

Investigadores franceses estão averiguando se os militantes que realizaram os ataques no mês passado em Paris, que mataram 130 pessoas, utilizaram ferramentas de criptografia, disse um policial familiarizado com o assunto. Grande parte do planejamento dos atentados parece ter sido feita usando sites como o Booking.com. Mas o Estado Islâmico também publicou uma lista de aplicativos seguros que seus seguidores devem usar.

Funcionários de governo argumentam que as empresas devem construir maneiras de desbloquear chats criptografados, se necessário, e a instalação de backdoors (portas do fundo). As empresas dizem que as tais portas enfraqueceriam a segurança global da internet contra hackers.

O ressurgimento do debate ilustra como os esforços da Europa para equilibrar a privacidade e a segurança está potencialmente mudando. Impulsionada pela história recente, como a vigilância estatal na Alemanha Oriental, a UE sempre defende a proteção de informações pessoais como um direito fundamental.

Mas com o ressurgimento de ameaças terroristas, os funcionários do governo, particularmente na França, se empenharam para aumentar seus poderes de vigilância. "Nós estamos começando agora em direção a um bom equilíbrio entre privacidade e segurança", disse um ex-oficial da inteligência francesa. "Infelizmente tudo isso está acontecendo apenas por causa de acontecimentos recentes."

Na França, onde empresas de tecnologia já firmaram um acordo para acelerar remoções, o Facebook diz que removeu 663 peças de conteúdo na primeira metade do ano, um aumento de oito vezes em relação ao ano anterior.

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