Facebook nega que estudo sobre 'emoções de usuários' tenha ligação com militares dos EUA

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O Facebook e pesquisadores da Universidade de Cornell negaram que o controverso experimento no qual a rede social manipulou secretamente os sentimentos de seus usuários tenha sido financiado pelo Departamento de Defesa (DoD) dos Estados Unidos.

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Cornell e da Universidade da Califórnia associados ao Facebook e foi publicado nos Anais da Academia Nacional de Ciência (PNAS, na sigla em inglês). O experimento manipulou, durante uma semana no ano passado, o feed de notícias de 700 mil usuários, sem permissão, para medir seu impacto emocional — um grupo de usuários recebia notícias positivas e o outro apenas atualizações negativas.

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, a rede social afirmou que o estudo era totalmente autofinanciado e que o Facebook não é um participante do Projeto Minerva, a universidade colaborativa do Departamento de Defesa que financia pesquisas sobre modelagem da dinâmica, riscos e pontos críticos de agitação civil em grande escala em todo o mundo, sob a supervisão de várias agências militares dos EUA.

"O professor Hancock, como muitos outros pesquisadores, realizou trabalho financiado pelo governo federal durante a sua carreira, mas em nenhum momento foi pedido a ele ou a seu associado de pós-doutorado, Jamie Guillory, que aceitassem financiamento externo para colaborarem com a publicação no PNAS", disse John Carberry, diretor de relações com a mídia da Universidade de Cornell, onde o trabalho acadêmico ocorreu. "O texto inicial de um artigo e press release gerados pela Universidade de Cornell, indicando fontes de financiamento externas, foi um erro infeliz ocorrido durante o processo de revisão editorial", completou ele.

Várias publicações informaram que um dos pesquisadores acadêmicos-chave no estudo do Facebook, o professor Jeffrey Hancock da Universidade de Cornell, já teve relações com o Projeto Minerva e que o experimento envolvendo a manipulação das emoções de usuários da rede social poderia ter sido realizado a serviço dos militares dos EUA.

Projeto estratégico

O Projeto Minerva foi lançado em 2008 — ano da crise financeira global causada pelo colapso das hipotecas imobiliárias, que ficou conhecida como crise do subprimepara permitir parcerias com universidades "para melhorar a compreensão básica do DoD das forças sociais, culturais, comportamentais e políticas no mundo e que têm importância estratégica para os EUA".

A Universidade de Cornell é uma das instituições que participam ativamente do Projeto Minerva e, atualmente, desenvolve um estudo até 2017, financiado e gerido pela Força Aérea dos EUA, de investigação científica, que tem como objetivo desenvolver um modelo empírico "da dinâmica de mobilização dos movimentos sociais e sua influência".

O projeto tem como objetivo determinar "a massa crítica (ponto de inflexão)" de influência social, estudando seus "rastros digitais" nos casos da crise no Egito em 2011, que culminou na deposição do presidente Mohammed Mursi, eleito democraticamente, nas eleições para a Duma russa (parlamento do país), no mesmo ano, e a crise nigeriana gerada pelo subsídio aos combustíveis, em 2012 e 2013, bem como os protestos na Turquia.

A Universidade de Cornell nega que o estudo sobre a "influência das emoções de usuários" esteja ligado ao Projeto Minerva.

Outras universidades norte-americanas, incluindo Washington e Maryland, estão envolvidas em estudos financiados diretamente e encomendados pelo Projeto Minerva do DoD, além do fato dos militares dos EUA também terem suas próprias instituições de pesquisa in-house para realização de estudos e projetos.

Procurado pelo jornal britânico, o Facebook não quis comentar o assunto. A polêmica sobre as implicações éticas do estudo sobre "a influência das emoções de usuários" tem gerado muita desconfiança sobre as atividades da rede social, apesar de um pedido público de desculpas feito pela diretora de operações da rede social, Sheryl Sandberg.

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