Google cria fundo de 150 milhões de euros para empresas jornalísticas e editoras da Europa

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O Google anunciou nesta terça-feira, 28, que vai investir 150 milhões de euros (correspondente a US$ 163 milhões) na criação de um novo fundo para fornecer subsídios a empresas jornalísticas e outras editoras de publicações na Europa. Grandes jornais europeus, como Financial Times, The Guardian, Les Echos, El Pais, La Stampa, Faz e Die Zeit disseram que devem participar do programa, batizado de Digital News Initiative, que vai oferecer treinamento e desenvolver pesquisas na área de jornalismo digital, bem como fornecer acesso ao fundo de inovação, de acordo com agências de notícias internacionais.

O anúncio surge menos de duas semanas após a Comissão Europeia apresentar acusações formais contra o Google por abuso de seu domínio no mercado de buscas online e o emprego de práticas anticoncorrenciais, como privilegiar nos resultados de buscas seus serviços, como o Google Shopping. O órgão regulador europeu abriu também uma investigação antitruste separada envolvendo seu sistema operacional Android.

A criação da Digital News Initiative é uma tentativa do Google de adotar uma postura mais "amigável" na Europa, onde está sob o fogo cruzado de algumas editoras devido à sua política de indexação de conteúdo de sites e portais de notícias. Tanto que, durante o anúncio do programa, o gigante das buscas enfatizou que irá trabalhar com jornais europeus para desenvolver novos produtos e aumentar a receita, já que as empresas jornalísticas têm lutado para sobreviver na era da internet. A empresa também adiantou que irá alterar o modo de exibição de notícias no Google News para sites com acesso pago (sistema conhecido como "paywall").

"O Google sempre quis ser um parceiro para a indústria de notícias", disse Carlo D'Asaro Biondo, presidente de parcerias estratégicas do Google na Europa. "Admito também que fizemos alguns erros ao longo do caminho", acrescentou ele, mas sem explicar que esses erros foram esses. Segundo o executivo, a "relação com a notícia" do Google foi mal interpretada.

Saída do Google News

De fato, nos últimos anos, o Google tem enfrentado duras críticas de jornais europeus pelo uso de notícias, sem a devida remuneração pelos conteúdos divulgados. Uma das consequências disso é que, no ano passado, o Google News teve de encerrar seu serviço de notícias na Espanha, para que o conteúdo dos jornais não aparecesse nas páginas do site.A suspensão aconteceu antes que fosse aprovada uma lei exigindo que o gigante das buscas a pagasse às empresas jornalísticas espanholas pelo conteúdo veiculado no serviço.

Medida parecida foi tomada em 2012 pelos jornais brasileiros, que decidiram abandonar o Google News por não receberem remuneração, apesar da queda no tráfego dos sites. À época, a Associação Nacional de Jornais (ANJ), que em 2011 recomendou que seus 154 jornais associados saíssem do Google News, disse que a retirada representou uma pequena queda no tráfego dos sites destes jornais, inferior a 5%.

Preocupado que isso poderia abrir um precedente para outros meios de comunicação mundiais, em 2013, o Google criou um fundo de 60 milhões euros na França para ajudar os jornais a criar melhores produtos digitais. Mais de 50 projetos receberam o dinheiro, disse a empresa nesta terça-feira, incluindo um novo produto móvel para o jornal francês Le Monde. Mas essa iniciativa somente ganhou corpo quando o governo francês revelou a intenção de criar uma legislação específica para regulamentar o uso de conteúdos de sites de notícias por sites de buscas na internet.

Os principais grupos de mídia na Europa, no entanto, como a News Corp., que edita o The Wall Street Journal, e a Axel Springer, não fazem parte da iniciativa. "Isso [a Digital News Initiative] não se destina a ser um clube exclusivo", disse Biondo, durante uma conferência no Financial Times. "Qualquer editora europeia, grande ou pequena, tradicional ou iniciante, que deseja fazer parte da iniciativa será bem-vinda", ressaltou ele.

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