Investidores reagem mal às incertezas do Twitter e ações voltam a ter forte queda nesta quarta

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Não foi fácil para o diretor financeiro do Twitter, Anthony Noto, explicar os resultados do primeiro trimestre da empresa aos investidores — que não só não conseguiu reverter como aumentou o prejuízo no período — nem tampouco sobre o vazamento do seu balanço na terça-feira, 28, antes do fechamento do mercado, por causa de um erro que exibiu, por 45 segundos, os dados no site da Shareholder.com, unidade da Nasdaq responsável pelos comunicados aos acionistas.

A divulgação antecipada do informe de resultados, revelando que a receita da empresa havia ficado abaixo das previsões dos analistas e o prejuízo havia aumentado 22%, para US$ 162,4 milhões, levou a interrupção da negociação de suas ações, que registraram queda após a retomada, encerrando o pregão com baixa recorde de mais de 18%.

Para piorar, ao longo dos últimos trimestres, o Twitter mudou a forma de medir sua audiência. E os ajustes estão começando a causar preocupação entre analistas e investidores, porque ter a visibilidade sobre o desempenho futuro de uma empresa jovem é fundamental para a tomada de decisões de investimento. Durante o primeiro trimestre, a empresa também adotou um padrão mais rígido para contabilizar a interação do usuário com um anúncio e disse que esta foi uma das razões para as vendas no período terem ficado US$ 20 milhões abaixo das expectativas, e que por isso teve que cortar sua previsão de receita para o ano.

O relatório financeiro também informa que 302 milhões de pessoas usaram a rede de microblogs no último trimestre — contra 1,4 bilhão do Facebook e 800 milhões do WhatsApp. Mas na conferência com analistas sobre os resultados, o Twitter não fez quaisquer previsões sobre o crescimento de usuários ativos mensais, alegando que não dispunha de informações suficientes para fazer uma projeção. Noto disse apenas que as adições de usuários tiveram "um começo lento em abril", segundo a Bloomberg News.

A empresa agora está dizendo aos investidores que vai começar a contar as pessoas que enviam e recebem os tuítes via SMS em telefones celulares. Se fossem contabilizadas, o número total de usuários teria sido 308 milhões, nada que modifique radicalmente o panorama.

Mudança de métricas

O fato é que depois que ficou claro que o crescimento de usuários estava desacelerando, o Twitter começou a lançar outras métricas para medir sua audiência. De acordo com o CEO Dick Costolo, 500 milhões de pessoas visualizam tuítes, sem que seja registrado pela rede de microblogs, dando a entender que o serviço é muito mais amplo. Além disso, segundo ele, cerca de 125 milhões de pessoas veem a página inicial e não se inscrevem.

Vale lembrar que em 2008 o Twitter rejeitou uma oferta de compra por parte do Facebook de US$ 500 milhões. Na época, Biz Stone, um dos fundadores da companhia, justificou a recusa dizendo que a rede social de microblogs queria, na realidade, não virar um site popular e sim uma empresa geradora de lucros, e por isso não tinha interesse em se fundir com outra companhia.

Essa conjunção de fatores negativos é o que tem derrubado as ações do Twitter na Nasdaq nos últimos tempos. A "indiscrição" da Shareholder.com foi um fato grave, mas não decisivo para que os papéis da empresa continuassem a recuar nesta quarta-feira, 29, quando registraram baixa de quase 9%. Uma das poucas altas experimentadas pela rede de microblogs ocorreu no início deste mês, quando circularam rumores de que ela teria contratado um grande banco para barrar possíveis investidas de empresas de internet, incluindo o Google, que havia manifestado interesse em comprá-la. No dia, as ações chegaram a subir quase 5%, mas despencaram com a não confirmação do boato.

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