O Brasil tem que incentivar seu segmento de data centers

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Neste mês em que se comemora os 50 anos do lançamento do IBM/360, o mainframe que mudou a história da computação e iniciou um novo ciclo no que se chamava "processamento de dados", vale discutir sobre um novo mercado, que até parece um reavivamento, o negócio de servidores data centers.

Há pelo menos dois anos, sempre que se trata sobre as novas Tecnologias da Informação, como o emergente cloud computing ou a ainda conceitual big data, de uma maneira ou outra, os data centers são referenciados. Estes empreendimentos surgem como um novo modelo negócio que ainda precisa de tempo para ser definido e aprimorado. Mesmo assim, desde já se apresentam como o suporte essencial da computação em nuvem, o carro chefe deste novo ciclo de inovações.

No novo modelo computacional, o processamento é distribuído entre o que ocorre nos data centers – onde  escaláveis e elásticos servidores processam e armazenam a incontrolável quantidade de informação que existe no dia a dia das organizações e das pessoas; e pelos dispositivos dos usuários, seja no (quase antigo) desktop, no tablet ou smartphone, todos operando interfaces de acordo com o perfil do dono, como se fosse exclusiva.  Será ainda função dos data centers a antiga gestão interna de TIC, incluindo os ativos de hardware, sistemas operacionais e banco de dados, rotinas de backup, serviços de suporte, controle de acesso, segurança e manutenção de infraestrutura.

Para as organizações há possíveis frentes a seguir, o que gera incertezas, levando ainda algum tempo para a adoção total, pois elas não desligarão seus recursos internos num estalar de dedos. Como sempre, iniciarão com uma bem observada prova de conceito para conferir e testar os benefícios reais. O próximo passo virá quando uma necessidade de recursos adicionais surgir, como uma atualização, nova aplicação, ou o crescimento de demanda de transações, momento que estimará com mais realidade o retorno sobre o investimento a ser feito.

Agora, as grandes decisões ocorrerão, não mais pelo pessoal de TIC, mas pela alta gestão, que, aliás, ao longo do processo de aprendizagem, poderá observar que não se trata somente de tecnologia, mas de conceitos que também envolvem todos os aspectos do negócio, ou seja, seus processos produtivos e decisórios.

Preocupada com a situação, a Federação ASSESPRO criou uma diretoria específica do setor, para entre outras atividades, mostrar que ter políticas públicas para que este mercado floresça no país deve ser objetivo governamental. Primeiro porque a tecnologia colocará, invevitavelmente, as organizações nas nuvens, sendo preciso estar ao lado delas para facilitar esta migração, principalmente para as mais de seis milhões de micro e pequenas empresas.

Se os governantes tanto falam em "Era da Informação", saber e garantir que a informação estará disponível aqui, independentemente de incontroláveis fatores externos, é a condição essencial a se cumprir. Portanto, a criação de regulações que garantam este pressuposto – como se tentou na passagem do Projeto de Lei do Marco Civil da Internet na Câmara dos Deputados – é o primeiro passo.

O incentivo a este segmento permite a competitividade e descentralização dos fornecedores, consolidando o país como prestador deste serviço e ocupando ao máximo a esperada expansão que ocorrerá na América Latina, podendo chegar a receitas de R$ 47 bilhões até 2017. Sem fomento interno será mais um item a contribuir para aumentar o déficit externo da conta de serviços, que, só em fevereiro passado foi de US$ 3,5 bilhões.

Por fim, mas não menos importante, como todo data center envolve mão de obra para operar 24×7 e uma grande infraestrutura de energia, refrigeração, cabeamento e segurança física, inevitavelmente, há a necessidade de linhas específicas de financiamento. Afinal, nem todos podem montar um data center como o Google está montando no Chile, que, mesmo minúsculo para os seus padrões, está orçado em US$ 150 milhões. Porém, como estamos no Brasil, os governantes podem ficar tranquilos, o retorno em tributos compensa, e muito, o financiamento ao setor tecnológico, que sempre foi caro e minguado.

Hugo Dittrich, diretor Adjunto de Comunicação da Federação das Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Federação ASSESPRO)

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