Pesquisa mostra o uso de TIC em estabelecimentos de saúde no Brasil

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Com o objetivo de traçar o cenário da adoção das TIC no setor de Saúde no Brasil, o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação sob os auspícios da UNESCO (CETIC.br) iniciou em 2013 o monitoramento da implementação e do uso destas tecnologias em estabelecimentos de saúde em todo o Brasil. Os resultados desta iniciativa, que servem para formuladores de políticas públicas, profissionais da área, a academia e a sociedade civil, foram condensados num estudo que já está disponível para toda os interessados sobre o tema "tecnologia e saúde".

Baseada no modelo proposto pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), tendo sido adaptada ao contexto brasileiro, a pesquisa TIC Saúde é realizada desde 2005 e entrou para o conjunto de pesquisas que já são realizadas periodicamente pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

A pesquisa se baseou em duas frentes. No que diz respeito a estabelecimentos de saúde, foram analisados aspectos como infraestrutura de TIC, gestão de TI, utilização de Registros Eletrônicos em Saúde, bem como disponibilidade de serviços on-line oferecidos ao paciente e de telessaúde. No tocante aos profissionais de saúde (médicos e enfermeiros), a pesquisa focou no acesso, no uso e na apropriação das TIC no contexto profissional. Ao todo, foram realizadas entrevistas em 1.685 estabelecimentos de saúde (gestores) e com 4.180 profissionais da área (médicos e enfermeiros).

Os resultados indicam uma presença marcante das TIC nos estabelecimentos de saúde brasileiros: os computadores estão presentes em 94% dos estabelecimentos e a Internet em 91%. Apesar disso, ainda existe uma defasagem no acesso ao computador e à Internet, principalmente em organizações que não possuem leitos de internação – em geral são aquelas responsáveis pela atenção básica e ambulatorial.

Com relação ao acesso à Internet, 100% dos estabelecimentos com internação e mais de 50 leitos utilizaram a Internet nos 12 meses que precederam a realização da pesquisa, mas essa proporção fica em 80% entre aqueles sem internação. A pesquisa explicita também uma disparidade quanto ao acesso às TIC entre os estabelecimentos do setor público e privado e nas diferentes regiões geográficas do país.

A TIC Saúde traz ainda informações importantes sobre a presença de profissionais especializados em TI nos estabelecimentos de saúde. A presença desses profissionais é um ativo importante para a efetiva adoção das TIC nos estabelecimentos, mas, como boa parte deles não conta com esse tipo de profissional, são necessárias estratégias de formação e capacitação contínuas. Os dados mostram que apenas 41% dos estabelecimentos de saúde possuem departamento ou área de tecnologia da informação, sendo que essa estrutura está concentrada nas organizações com mais de 50 leitos de internação (75% possuem departamento de TI).

A pesquisa apresenta resultados inéditos acerca da presença dos chamados Registros Eletrônicos em Saúde, que podem apoiar substancialmente os profissionais na qualificação do atendimento no ponto de cuidado. Dados de caráter administrativo estão mais disponíveis eletronicamente – como, por exemplo, dados cadastrais e referentes à admissão, transferência e alta de pacientes. Já as informações de natureza clínica estão menos disponíveis em meios eletrônicos. Enquanto 83% dos estabelecimentos que utilizaram a Internet nos últimos 12 meses afirmaram ter disponíveis os dados cadastrais do paciente, as informações de natureza clínica estão menos presentes eletronicamente.

Os usos que médicos e enfermeiros fazem das TIC também foram avaliados. Os números indicam que esses profissionais já estão conectados ao universo das novas tecnologias digitais: 99% dos médicos e enfermeiros são usuários de Internet, resultado expressivo se comparado à população brasileira em geral cuja proporção é de 49%.

A pesquisa revela também que, a despeito dos problemas de infraestrutura dos estabelecimentos de saúde, a experiência brasileira no campo da telessaúde já começa a ser percebida. Os dados indicam que 24% dos estabelecimentos públicos com Internet participam de alguma rede de telessaúde.

Os dados ainda revelam que, dos estabelecimentos que utilizaram a Internet, 22% realizam educação à distância em saúde, 19% atividades de pesquisa à distância e 25% interação em tempo real, como teleconferência. Nesses casos, os estabelecimentos públicos apresentam proporções maiores do que os privados, o que evidencia o importante papel das instituições públicas na educação e nas atividades de pesquisa em saúde no Brasil. Vale destacar que 30% dos estabelecimentos públicos com Internet possuem disponíveis serviços de educação a distancia em saúde, em comparação a 17% dos privados; e 24% dos públicos possuem disponíveis atividades de pesquisa a distancia, em comparação a 16% dos privados.

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