Novos dados para análise de concessão de crédito podem ajudar economia

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Pela primeira vez na história, o Brasil registrou um maior saldo de crédito para pessoas físicas do que para jurídicas em dezembro de 2016 e janeiro de 2017, efeito direto da crise econômica que vem assolando o país nos últimos anos. O saldo às empresas vem reduzindo em função de menor apetite por risco por parte dos bancos e pelo baixo nível de atividade econômica. O aumento do desemprego e, consequentemente, do endividamento, fez com que o volume de crédito às famílias crescesse inclusive para investir em atividades que pudessem gerar renda – este cenário fez com que o volume de trabalhadores informais no país chegasse a 10 milhões em 2016, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Mesmo que o Banco Central tenha registrado queda na taxa de juros cobradas nas operações de crédito e estabilidade na inadimplência, com 3,9% em março e abril deste ano, as instituições financeiras mantêm o aperto no cinto na liberação de crédito. Com um número expressivo de pessoas que precisam de auxílio para quitar dívidas e voltar a consumir e instituições que precisam de garantias para voltar a liberar valores, como chegar ao denominador comum do bom pagador?

Atualmente, as organizações do setor financeiro e de seguros buscam utilizar com mais frequência dois tipos de dados para a tomada de decisão na hora de conceder crédito ou analisar uma apólice: informações internas sobre os clientes e as avaliações de bureaus de crédito, que proporcionam apenas o histórico do mau pagador para chegar a um denominador que reflita a situação de crédito do indivíduo – o chamado score.

O mercado já oferece, porém, uma terceira possibilidade, ainda pouco explorada, que traz uma forma mais inteligente de "abrir as portas" para a oferta de crédito para consumidores e empresas: a utilização de dados alternativos na análise do perfil. Por utilizar variadas fontes públicas e privadas para entender comportamentos do cliente, as avaliações de dados alternativos permitem que os credores possam considerar um universo mais amplo de informações em suas análises. Em alguns casos, a avaliação de um consumidor não deve ser definido exclusivamente por uma conta não paga. Por isso, ter uma maior gama de detalhes permite à empresa entender o que realmente importa naquele momento.

Esta é uma forma do mercado se adequar às necessidades atuais. Ainda que, para os bancos, o momento atual não seja o mais interessante para conceder crédito e correr riscos, em função das incertezas econômicas, se adaptar a esta realidade será importante para melhorar decisões em qualquer cenário econômico. O mesmo se aplica aos varejistas e às empresas de telecomunicações, já que usar dados alternativos permite melhores decisões para que o crédito seja bem concedido, ampliando a oferta para novos públicos e aumentando as vendas. Isto se torna ainda mais relevante quando estas empresas buscam negócios com segmentos da população menos expostos ao crédito, como os jovens e as famílias emergentes.

Entre as seguradoras, a necessidade destes dados também se faz presente, pois sua captação e uso ajudam a melhor a avaliação de riscos e a adequada precificação de apólices de seguros no momento de cotação, fundamental para ser competitivo neste segmento e conquistar clientes. Em todos estes casos, a maior eficiência nestes setores levam a melhor desempenho econômico e empresas mais preparadas para quando a economia voltar a crescer.

Claudio Pasqualin, diretor de produtos e desenvolvimento de negócios da TransUnion.

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