Meio de pagamentos para nichos e a customização white-label
Postado em: 12/02/2019, às 15:33
por Victor Dubugras
Os cartões de crédito de marca própria, conhecidos
como private-labels, foram uma importante iniciativa do mercado financeiro.
Eles ajudaram as grandes redes de varejo a monetizarem e rentabilizarem ainda
mais as suas marcas, oferecendo alternativas para facilitar compras com
diferentes condições. Parcelamentos com pagamentos após 60 dias e taxas de
juros diferenciadas, ou até mesmo benefícios em programas de fidelidade são
fatores que ajudaram a incrementar a receita.
No entanto, esses modelos criados e aprimorados nas
décadas passadas, com suas variáveis híbridas (que podem ser utilizadas em
outros estabelecimentos) e co-branded (criados em parceria com grandes marcas),
estão fortemente amarrados às questões bancárias, já que as instituições
emissoras ainda ficam responsáveis por grande parte da operação. De certa
forma, isso deu um pouco de poder aos varejistas frente as altas taxas cobradas
pelas operadoras de cartão, mas ainda abraçava uma pequena parte de um problema
bem maior – todo o resto da cadeia de pagamentos e fornecimento.
Este cenário começa a dar sinais de mudanças. Ao invés
de contarmos com apenas duas operadoras de cartão, o mercado agora mais
regulado, facilita a entrada de novos players para que melhorem a oferta e a
qualidade do serviço. Por consequência, novos e melhores players começaram a
oferecer soluções um pouco mais customizadas separando ofertas por nichos de
atuação. Esse movimento conseguiu incluir, por exemplo, PMEs, que agora
consegue receber pagamentos de cartão em uma oferta de compra de equipamentos
trazendo mais previsibilidade de custos- uma preocupação em sua realidade.
Além dos novos players, que fazem uma leve releitura
do sistema tradicional quando se tratava de adoção de meios de pagamentos,
surgem também fintechs que trazem soluções para mercados de nichos específicos,
possibilitando cada vez maior integração com o sistema de pagamento e trazendo
maior inteligência financeira para toda a cadeia comercial. Algumas empresas,
atuam na integração de pagamento, criando inteligência no ponto de venda.
Outras, trabalham na infraestrutura, permitindo uma maneira mais fácil de
empresas criarem sua própria máquina de cartão (white-label) e acessarem um
mercado tradicionalmente dominado pelos bancos.
No segundo modelo, as empresas combinam alguns dos
benefícios gerados no private-label, porém com algumas vantagens visivelmente
maiores. Além de criar soluções para fidelizar o cliente final, elas permitem
maior poder em toda a operação, podendo assim customizar soluções para toda a
cadeia de vendas e fornecimento. Uma das soluções, por exemplo, é fornecer
crédito e descontos para vendedores indiretos em uma cadeia de distribuição.
Além de fornecer taxas menores para um elo importante da força de vendas,
existe a possibilidade de fidelizar o vendedor indireto com descontos e
promoções especificamente criadas para seu mercado.
Assim, uma mesma empresa consegue ter maior controle e
autonomia sobre todos os seus recebíveis, cortando muitos dos intermediários e
garantindo maior poder de negociação, afinal, uma rede atacadista que conta com
milhares de terceirizados consegue taxas bem menores do que cada um
individualmente.
Com essa democratização, chega ao fim uma era de
negligência com os médios e pequenos empreendimentos do Brasil, que sofriam com
os altos valores praticados nessa área e o setor de pagamentos. Por
consequência, esses mesmos lojistas ganham agilidade, com processos mais
otimizados, eficientes e mais baratos. É fato que as fintechs estão gerando
valor para seus clientes, que fazem desse mercado cada vez mais forte.
Victor Dubugras, head de Marketing da Hash.
Tags: cartões, fintechs, lojistas, meios de pagamentos, PMS, private labels
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