Por que antifraude garantido é mau negócio para o lojista?

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Muitas vezes, para ter fraude zero, um lojista deixa de ganhar muito dinheiro. Alguns especialistas de e-commerce, por exemplo, procuram tecnologias e empresas que oferecem planos de negócios que possuem garantia total de chargebacks. Porém, este é um modelo ruim para o próprio lojista, apesar de parecer um pouco difícil de acreditar.

Costumo comparar esta questão a um seguro de automóveis. Imagine uma apólice que cubra qualquer dano ao veículo: roubo, furto, perda total, batidas, quebra de vidros e espelhos, furo de pneus, arranhões e ralados e até risco de esmalte nas maçanetas. Qualquer gasto que não estivesse relacionados a abastecimento, impostos e manutenção básica. Parece o seguro perfeito, não?

Um plano com este nível de cobertura, porém, teria um valor alto em comparação às apólices tradicionais. Além disso, havia uma série de exigências (inegociáveis) por parte da seguradora. O motorista não poderia, por exemplo: dirigir sob condições meteorológicas adversas (incluindo garoa leve); utilizar o carro entre 22h e 7h; percorrer mais do que 10 km por dia; estacionar em vias públicas e nem em estacionamentos com manobristas; ultrapassar 30 km/h na cidade (inclusive vias de tráfego expresso) e 50 km/h em estradas; ficar com o rádio ligado com o carro em movimento; sair de carro ao final de semana para ir aos shoppings, feiras, exposições culturais e cinemas.

Diante destas exigências, qual a chance de o motorista poder usar o próprio carro? Quase nenhuma: o veículo passaria a maior parte do tempo parado na garagem. Mas, por outro lado, estaria 100% protegido pela seguradora.

Costumo contar esta anedota quando me perguntam sobre um antifraude que prometa zero fraude ou reembolso total de chargebacks. Aparentemente parece ser um plano muito vantajoso ao lojista, que estará blindado de qualquer risco na venda on-line, mas que acabará pagando muito mais caro do que deve.

Os números explicam melhor este contexto. Vamos imaginar uma loja virtual com ticket médio de R$ 200, que paga à solução "zero fraude" um percentual de 2% por cada venda analisada. Se algum dia chegar um pedido de R$ 5 mil, mas com um mínimo de risco, qual seria a atitude mais provável da ferramenta: aprovar a transação suspeita e ganhar R$ 100 por aquela análise ou simplesmente negar o pedido e evitar um prejuízo de R$ 5 mil? Certamente a segunda alternativa é a mais provável de acontecer.

Isso não ocorre somente em casos extremos, como no exemplo acima. É questão de negócios, já que o prejuízo de uma possível fraude recairia sobre o sistema de risco, cujo core não é o lucro sobre uma venda. Por isso, acaba sendo natural que a empresa queira se prevenir, barrando toda e qualquer transação minimamente suspeita.

Com isso, muitos pedidos legítimos acabam sendo barrados pelo antifraude. Consequência: a taxa de aprovação da loja virtual despenca, as vendas diminuem e a receita também. Ou seja, o medo de perder dinheiro com fraude impede que a empresa ganhe dinheiro com vendas.

Por este motivo, é ideal que o e-commerce busque soluções de antifraude que aumentem suas vendas, mas dentro de um risco totalmente controlado. Acreditamos que barrar as compras de origem criminosa é apenas parte do trabalho de um sistema de risco, já que uma boa tecnologia tem como principal função conseguir aprovar o máximo de pedidos, diante do menor risco possível, para evitar que isso ocorra.

Tom Canabarro, co-fundador da Konduto.

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