Sete insights para jovens empreendedores

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Fico feliz em ver que a tecnologia quebrou barreiras no empreendedorismo. Quando me arrisquei a ser empreendedor, uma década atrás, o cenário era mais desafiador. Na época, lembro que foi muito importante o fato de eu ter vasta experiência em posições estratégicas em diversos departamentos de grandes empresas do setor de varejo. Hoje, é mais comum ver jovens recém-saídos da faculdade se juntarem a um ou mais amigos em busca do desenvolvimento de soluções inovadoras em prol da sociedade ou do planeta. E, isso é ótimo!

O que preocupa é saber que mais de 40% das startups encerram as atividades porque erram na escolha do produto ou serviço oferecido. Em geral, isso acontece porque os fundadores optaram por uma oferta que julgavam interessante do ponto de vista pessoal, mas não levaram em consideração se tratava de uma real necessidade de significativa parcela do mercado. O dado faz parte de uma pesquisa da CB Insight. O estudo revela, ainda, outras corriqueiras falhas dos empreendedores, com destaque para: falta de dinheiro (resposta de 29% dos entrevistados); contratação inadequada de sócios ou funcionários (23%); ser superado pela concorrência (19%); e erro no cálculo de preços e custos (18%).

Pensando nesses e em outros deslizes apontados pela pesquisa, compartilho com vocês, jovens empreendedores, sete insights importantes:

Invista num bom plano de negócio – A Associação Brasileira de Startups (Abstartup) mapeou que existem mais de 12 mil negócios em início de carreira, de diferentes mercados de atuação e divididos entre as fases de ideação, operação, tração e scaleup. Então, antes de se aventurar, faça um estudo detalhado do cenário, considerando: segmentos de clientes; oferta de valor; canais; relacionamento com clientes; recursos; atividades; parcerias-chave; estrutura de custos; e fontes de receitas. O modelo de negócios Canvas faz um bom trabalho aqui. Prefira processos simples, porém eficientes. Tenha em mente que o fim de uma startup é determinado por uma série de falhas e não por uma em especial.

Abra-se para mudanças – Uma coisa é certa: você vai mudar muito suas ideias, seu produto e sua rota. Ou seja, se há algo que todas as startups têm que lidar é com a mudança. E, sua habilidade de lidar com o novo de forma rápida, eficiente e positiva, fará uma enorme diferença em sua trajetória de sucesso. Se necessário, peça a ajuda de um especialista.

Há dinheiro para ser investido – Minha experiência no contato com empresas, investidores, empreendedores e empresários de diferentes países e perfis têm feito com que eu confirme evidências, amplamente divulgadas pelos mais diversos estudos, de que, no mundo, existe muito dinheiro guardado esperando uma oportunidade certa e inspiradora para investimento. Não é raro ouvir, em conversa com investidores e gestores de fundos, relatos sobre seus constantes esforços em busca de novos investimentos, guardados seus perfis de risco.

Apenas dinheiro não é a solução para uma startup – Nem todo investidor que tem dinheiro pode ser identificado como a solução para o seu negócio. Por isso, corra em busca do dinheiro certo, caracterizado por recursos vindos de pessoas com experiência, informação, networking de qualidade e conhecimento de negócios e da concorrência, além de aderência cultural ao seu projeto, entre outras qualificações.

Escolha o investidor pela fase do projeto – Cada fase de uma startup merece atenção especial e isso vale para a escolha do investidor. Por exemplo, caso o negócio esteja em fase inicial, a indicação é que o investidor tenha um perfil mão na massa que possa abrir uma linha de recursos Angel (que no Brasil vão até R$ 500 mil) ou Seed (que no Brasil estão entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões). Negócios em fases mais avançadas, por sua vez, podem precisar de alguém que auxilie na interação junto aos órgãos reguladores, além de um aporte de investimento substancialmente maior.

Tenha critério na escolha do co-fundador – Em meus projetos como mentor, costumo dizer que o co-fundador ideal é aquele que reúne conhecimento de pessoas e de negócio, além de afinidade com a cultura corporativa que você está criando. Um parceiro que tenha essas duas qualificações certamente estará apto a permanecer ao seu lado por um longo tempo. Agora, aquele que se destacar apenas pelo conhecimento poderá ser contratado por você como um consultor e, entre outras coisas, treinar os que possuem apenas aderência à cultura do seu negócio. Em qualquer um dos casos, vale fazer uma pesquisa sobre o histórico de realizações do profissional, do networking que ele possui e confirmar suas habilidades técnicas e competências.

Acredite em modelos alternativos de financiamento, como o equity crowndfunding – Segundo informações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o crowndfunding de investimento permitiu captação de mais de R$ 46 milhões em 2018, contra pouco mais de R$ 8 milhões registrados em 2016. No período, o número de investidores na modalidade registrou alta de 716%. Pela regra da CVM, cada startup pode captar até R$ 5 milhões por meio de plataforma eletrônica de investimento participativo. Para fases mais avançadas da empresa, STOs (Security Token Offerings), por exemplo. Não se esqueça que o Telegram levantou quase US$ 2 bilhões, em 2018, através de um ICO (Initial Coin Offering).

Eu, particularmente, sempre defendi que as grandes políticas de fomento e investimento do país fossem direcionados para as empresas de pequeno e médio porte, basicamente por dois motivos. Primeiro, pelo fato de que, mundialmente, essas organizações empregam entre 75% e 80% dos trabalhadores. Segundo, porque, com raríssimas exceções, as grandes companhias têm fácil acesso a recursos com menor custo, dentro e fora do país sede.

No meu ponto de vista, as startups, em especial, estimulam o empreendedorismo, a inovação e o desenvolvimento de um país e, desde que baseadas em ética e no trabalho duro, não causam grandes impactos negativos no mercado, caso não venham a vingar. Pelo contrário: os erros das que não dão certo servem de inspiração para que novas e melhores ideias surjam. Afinal, é difícil encontrar alguém que acredite que é possível chegar ao topo apenas acertando, não é mesmo?

Marcello Capotorto DeMello, empreendedor, atua como mentor de startups e conselheiro em organizações que buscam potencializar os seus negócios no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos.

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