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A evolução do sistema financeiro e a relação direta com o aumento no número de fraudes

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A pandemia tirou da invisibilidade financeira milhões de brasileiros. O fenômeno não foi apenas no Brasil, outros países da América Latina também passaram por essa inclusão digital financeira. O acesso a serviços financeiros transformou a forma como as pessoas se relacionam com o dinheiro e alavancou o segmento de pagamentos em tempo real e aplicativos de open banking. O resultado disso? Os próximos meses nos dirão, mas é esperado um aumento nas tentativas de fraude bancária e crime financeiro.

Fraude autorizada

Os meios de pagamento instantâneo, como o PIX no Brasil, o SPEI no México e Minka na Colômbia, cresceram exponencialmente. Em maio de 2023, por exemplo, o Banco Central brasileiro divulgou um novo recorde no número de transações utilizando o PIX, alcançando 124,3 milhões de operações diárias. O uso de novas ferramentas estimula o aparecimento de novos golpes.

Um reflexo disso são as fraudes autorizadas ou Authorization Push Payment (APP), que têm ocorrido com maior frequência nos países latino-americanos. Esse tipo de fraude refere-se a ações orquestradas por fraudadores que usam uma série de disfarces – desde golpes de romance, golpes de investimento, falsificação de identidade, ou mesmo se passam por instituições financeiras – para convencer pessoas ou empresas a enviarem dinheiro a elas por meio do pagamento em tempo real.

A modalidade, “queridinha dos brasileiros” oferece uma proteção menor contra fraudes quando comparada a outros tipos de pagamento, como cartões de crédito ou débito. Isso porque a um golpe de PIX é originado de forma legal e consciente pela pessoa, e a transferência é feita mediante autorização.

A pesquisa “Como os golpes de pagamento em tempo real afetam os consumidores”, desenvolvida recentemente pela FICO com 1.000 brasileiros, revelou que 65%  da população têm amigos ou familiares que já foram vítimas de golpes envolvendo meios de pagamento em tempo real. Ainda assim, a expectativa para essa modalidade é promissora. Apenas 3% dos entrevistados pensam em diminuir o uso do PIX e 93% afirmam manter ou aumentar o uso do recurso.

Perdas e prejuízos – para quem fica essa conta?

O movimento crescente dessas fraudes levanta um questionamento sobre a falta de proteção para consumidores e empresas. Afinal, quem deve arcar com os prejuízos dos golpes?

A mesma pesquisa citada anteriormente, mostra que para 41% dos brasileiros, os bancos deveriam ressarcir o cliente vítima do golpe em qualquer ocasião. O mesmo acontece em outros países da América Latina, como Colômbia, Peru e México, em que a maioria dos consumidores acredita que as vítimas de golpes devem ser reembolsadas.

A discussão é complexa e o segmento bancário/financeiro precisa discutir como essa responsabilidade é compartilhada envolvendo todo o ecossistema de pagamentos, uma vez que a transação pode passar por diversos intermediadores. Países que têm iniciativas como o Open Finance estão mais propensos a esses riscos. Importante lembrar que além das instituições, o cliente também compartilha da responsabilidade, e deve estar inserido nesse processo de educação.

As fraudes em aplicativos e a lavagem de dinheiro aumentarão.

No Brasil, e em muitos países da América Latina, os sistemas de pagamentos em tempo real usam chaves que vinculam a transação à conta do destinatário para que os pagamentos sejam rastreáveis.  Em tese, isso deveria possibilitar o rastreamento e a recuperação de pagamentos feitos a golpistas.

E se os fraudadores precisam controlar as contas, entra em cena uma outra modalidade de fraude, as identidades roubadas e sintéticas. Contas de laranjas também são utilizadas para esses casos, em que o fraudador “aluga” uma conta corrente legítima para movimentar esse dinheiro. Mas vale o lembrete, isso é lavagem de dinheiro e comportamento criminoso.

Com acesso a várias contas, os fraudadores podem mover rapidamente as quantias de seus golpes da conta de recebimento inicial e, em seguida, em várias outras contas, misturando o dinheiro com fundos de outras fontes em um sistema de camadas que torna os fundos originais difíceis de isolar e recuperar.

Construindo as defesas certas

Com o intuito de minimizar a exposição, a responsabilidade, zelar por sua reputação e proteger seus clientes, os bancos investem em sistemas de detecção e gerenciamento de golpes e algumas medidas são essenciais:

  • Análise comportamental – As transações de pagamento envolvidas em golpes são feitas pelo titular legítimo da conta, isso dificulta a detecção de fraudes já que o titular atenderá os requisitos de autenticação. No entanto, seu comportamento está sendo influenciado por um fraudador e, portanto, é provavelmente atípico para ele. Foram desenvolvidos modelos de IA e Machine Learning que podem detectar golpes com precisão, com base em análises comportamentais.

  • Análise da jornada – Parar o golpe antes que o dinheiro saia de uma conta é o ideal. No entanto, para as instituições de pagamento receptoras, a não aplicação da análise de risco nos pagamentos recebidos a deixam expostas a riscos.

  • Priorize casos – A maioria dos pagamentos tem legitimidade e o processo de confirmação de transações em casos de suspeita de fraudes para clientes “verdadeiros” podem afastar e irritar o cliente da instituição. Portanto, estruturar uma forma eficaz de determinar se a intervenção é necessária é importante.

  •  Tome medidas eficazes – Detectar um golpe não o impede. As instituições financeiras precisam analisar quais ações tomam e como gerenciam a interação com seu cliente relacionada ao pagamento. Avisos genéricos são onipresentes e incentivam o “clique” automático. Ao integrar a detecção de fraudes com as comunicações com o cliente, mensagens personalizadas são enviadas aos clientes por vários canais, isso cria um momento de “pare e pense”, o que é muito mais eficaz do que apresentar a todos os clientes os mesmos avisos toda vez que eles tentam fazer um pagamento.

A tecnologia tem sido uma aliada da evolução do sistema financeiro e para inibir ações fraudulentas é preciso um esforço conjunto de pessoas, instituições financeiras e reguladores para colocar em prática pagamentos digitais não apenas inovadores, mas seguros.

Sarah Rutherford, Senior Director, Portfolio Marketing.

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