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Como o investimento em TI e novos processos podem reduzir riscos

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Nas últimas semanas, é notícia constante nos meios de comunição o aumento da inadimplência nos financiamentos de automóveis por pessoas físicas. Nunca os pátios de veículos apreendidos estiveram tão cheios. Como explicar um aumento de inadimplência, se o salário real das pessoas está aumentando e a taxa de desemprego sofre sucessivas quedas?

Os bancos brasileiros, infelizmente importaram de seus pares norte-americanos, estratégias agressivas nas vendas de financiamentos imobiliários, cometendo os mesmos erros no Brasil para os financiamentos de veículos. Metas arrojadas impulsionaram as áreas comerciais a buscarem novos clientes sem critérios, em prol das bonificações superiores aos salários anuais. Comissões pagas às lojas de veículos, o chamado “retorno”, superior ao valor pago pelas montadoras na venda do carro. Aliás, as lojas de automóveis deixaram de ter o negócio “venda de carro”, passando a ter o negócio “venda de financiamento”. Neste cenário, o lojista ganhou muito, o funcionário da instituição financeira ganhou muito e como vemos atualmente, quem acabou pagando a conta e perdendo, foram as instituições financeiras.

Aliado a isto, soluções tecnológicas frágeis que permitiam a intervenção humana, sobrepondo-se as políticas de crédito definidas pela instituição financeira, ou seja, dado um rating não desejado pelas financeiras, que automaticamente seria recusado, através de intervenção manual, este cliente era aprovado, com a chamada senha master — ao meu ver uma “senha monstro” — distribuída ao bel prazer aos funcionários dos bancos, para alavancagem de negócios e fazer aprovações em alçadas que desconsideram as regras de crédito da instituição financeira.

Os sistemas de informação ainda permitiam uma “batalha naval” no input da captura das informações cadastrais, ou seja, o cliente ganha R$ 2 mil e trabalha como assistente administrativo, a proposta é recusada, tenta-se fazer um novo calculo, onde o cliente ganha R$ 4 mil e trabalha como analista financeiro, se recusada novamente, captura-se com novas informações e assim sucessivamente.

A inadimplência de veículos continuará alta nos próximos meses, pois o estoque de financiamentos “podres” demorará a sair da carteira dos bancos e financeiras. É necessária a revisão do modelo de negócio dos financiamentos de veículos, onde lojas de carros e funcionários dos bancos não podem ganhar mais do que os próprios bancos.

As instituições financeiras necessitam buscar novos sistemas legados e motores de decisão que não sejam suscetíveis à intervenção humana. Estes sistemas devem buscar as informações em agregadores externos, validando o que foi digitado. Aliás, atualmente a maior parte das informações de um cliente estão disponíveis em bancos de dados do mercado, pois hoje, no mundo da tecnologia, privacidade é uma mera ilusão… mas isto é assunto para uma outra oportunidade.

*Antonio Kikuti Gomes é diretor de modelos preditivos da C&M Software.

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