Desde o mês de agosto, as instituições que não estiverem em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) poderão ser punidas pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). A medida é válida para órgãos públicos, empresas privadas e até clubes de futebol. O Clube de Regatas do Flamengo (CRF), ciente dos desafios e da importância de investir em tecnologia e inovação, começou a trabalhar na adequação ao tema já em 2019.
Primeiramente, o Clube avaliou o cenário e desenvolveu um planejamento estratégico para nortear as atividades. Além disso, o Flamengo contratou uma empresa para fazer o assessment de segurança de dados com experiência no Brasil e na Europa e, a partir daí, uma plataforma de implementação e gestão de LGPD. Na sequência, selecionou um colaborador do clube com habilidades multidisciplinares para ser Gerente de Privacidade (ou como também é conhecido no mercado, DPO – Data Protection Officer).
E por fim, realizou reuniões de conscientização e apoio do presidente, Rodolfo Landim, e dos demais membros da diretoria, disseminando a importância da lei e como isso impacta todo o Clube. Atualmente vem sendo criado um comitê específico, responsável por atualizar a Política de Privacidade e rever as cláusulas dos contratos vigentes.
O Vice-Presidente de Tecnologia da Informação do Flamengo, Alexandre Pinto,
explica que essa adequação precisou ser muito bem articulada entre todos os setores do Clube. “Um ponto importante da lei é que ela se chama Lei Geral de Proteção de Dados, mas no fundo o que ela está buscando é a privacidade. Então os primeiros passos são a conscientização e o treinamento, pois sem as pessoas entenderem a importância e o como implementar, a proteção de dados não vai para a prática”, comenta ele, que também é consultor em gestão empresarial e tecnologia da informação.
No caso do Flamengo, a sanção da LGPD impacta o relacionamento com mais de 1.000 colaboradores e mais de 150 mil sócios-torcedores, além de fornecedores terceirizados e outros milhões de torcedores. O VP destaca o pioneirismo do Clube no cenário nacional, mas ressalta que a adequação requer um processo contínuo de segurança jurídica, de processos de negócio e tecnológica. “Estar adequado à LGPD é uma oportunidade de se tornar mais competitivo e uma questão de reputação”, completa.
De maneira geral, ele avalia como incipiente a implantação da Lei no país. “De fato a grande maioria das empresas está aguardando quando a ANPD começar efetivamente a multar e a ficar mais ativa na fiscalização para realizar a adequação. Mas a prevenção é sempre o melhor e o mais efetivo remédio”, finaliza Alexandre Pinto.