Publicidade
Início ESG Lideranças Humanizadas: a importância e a força do feedback

Lideranças Humanizadas: a importância e a força do feedback

0
Publicidade

Embora pareça óbvio que toda liderança devesse ser humanizada, frequentemente, o óbvio precisa ser reafirmado – dizia o antropólogo Darcy Ribeiro. O feedback é uma das principais responsabilidades dos líderes no papel de apoiar o desenvolvimento das pessoas. O feedback salva vidas – mas o feedback pode, também, destruir a autoestima das pessoas.

No Brasil – embora não exclusivamente no nosso país – a maior parte das empresas ainda usa mal a avaliação de desempenho e o feedback, que costuma ir de par com ela. No mundo corporativo, não são raras as situações nas quais o que chamam de feedback consiste, de fato, em um ataque pessoal. No limite, poderia configurar um assédio moral.

O equívoco na avaliação de desempenho começa com a utilização de ferramentas padronizadas (como o Nine Box, por exemplo), sem as devidas adaptações à realidade da organização, e termina com o uso das informações para gerar vencedores, perdedores e ignorados. Regra geral, os resultados contribuem para reforçar estereótipos e humilhar quem precisa de apoio para se desenvolver. Os de alto desempenho recebem mais atenção, os de desempenho inferior são punidos, e os que ficam entre um e outro grupo são esquecidos.

Entre um começo equivocado e um encerramento improdutivo, está o feedback – momento em que os líderes das equipes conversam com os seus liderados sobre os resultados da avaliação. Essa fase deveria ser antecedida da capacitação de ambos, quem oferece e quem recebe feedback.

Cada organização é um contexto singular. E cada área de uma mesma empresa tem características particulares. Entretanto, há determinados aspectos universais, que podem ser observados para oferecer um feedback eficaz e que não configure um ataque pessoal, fonte de sofrimento e ansiedade, embora, muitas vezes, empacotado em uma abertura fingida e um encerramento dissimulado.

A crítica não é feedback. A crítica ataca a pessoa, enquanto o feedback deve se concentrar no comportamento. Os críticos costumam usar frases como “você sempre…, você nunca…, você deveria…, você precisa…”. São expressões que causam desconfortos emocionais, acusando, envergonhando e humilhando as pessoas.

É comum ouvir líderes dizerem que “é preciso tirar as pessoas da zona de conforto”, mas fora da zona de conforto, as pessoas vão se proteger e se defender. Quando um avião está em pane, o estresse é imediato e as pessoas vão se preocupar em tentar salvar a própria vida. O momento do feedback deve se preocupar em instigar as pessoas a melhorar, tirando-as de uma área de acomodação. Para que as pessoas ouçam o feedback, elas devem estar seguras – portanto, confortáveis. Ao dar feedback, as pessoas não podem se sentir ameaçadas. É preciso criar uma abertura de engajamento e um encerramento encorajador.

Quatro cuidados podem colaborar para que o feedback se converta em um presente para a pessoa que o recebe. São eles:

1) Seja fatual: Focar nos fatos e comportamentos observáveis permite às pessoas verem o que precisa ser eliminado ou mudado. A sua opinião de quem dá o feedback não tem a menor importância nesse momento.

2) Seja direto: Ser direto pode ser difícil para quem oferece o feedback, sobretudo nas sociedades de alto contexto, como a brasileira, onde a comunicação tende a ser mais sofisticada que nos países anglo-saxões. O papel do líder é falar de forma clara sobre a situação em que ocorreu o comportamento focalizado.

3) Seja neutro: Antes de oferecer um feedback, limpe as suas lentes, representadas pelas suas percepções, seus preconceitos, vieses, julgamentos.

4) Seja gentil: A polidez é fundamental. Não confunda ser direto com ser grosseiro. Desrespeito, falta de cuidado e ameaças psicológicas vão produzir raiva, rancor e desejo de vingança. Permaneça gentil mesmo diante das pessoas mais difíceis. Você pode (e deve) prover feedbacks sinceros, diretos e mesmo duros e ser educado. O cuidado facilitará a construção de confiança, fazendo com que a pessoa que recebe o feedback confie em quem o oferece. Lembre-se de que o feedback existe para reforçar comportamentos e estimular mudanças.

Jésus Gomes, Mestre em Administração e Doutor em Ciências Sociais e Maria Luiza Marques de Abrantes, Mestre em Administração e Valores Humanos.

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.

Sair da versão mobile