Buy Now Pay Later: a bola da vez. Apesar de ser uma novidade em muitos lugares do mundo, o conceito é conhecido há tempos no Brasil como crediário. É a nossa já tão utilizada forma de parcelamento para financiar uma compra.
Antigamente, produtos de crédito pessoal eram bastante escassos e uma das saídas encontradas pelos estabelecimentos comerciais foi criar um mecanismo de “voltar à loja” e aumentar as vendas por meio da recorrência de pagamentos via carnê. Com isso, o crediário virou mecanismo de vendas por ser um pagamento parcelado que só era aceito em uma loja própria. O Buy Now Pay Later (BNPL) nada mais é que a digitalização desse processo.
Aqui, a grande novidade é a possibilidade de comprar online e de forma instantânea. O processo do carnê era demorado, manual e presencial. O BNPL é digital e instantâneo; e tem como proposta permitir que qualquer pessoa consiga realizar uma compra online, mesmo sem limite de cartão de crédito ou dinheiro à vista.
Além do mais, o risco de crédito e custo de capital de giro no carnê era 100% da loja e quando existiam instituições financeiras parceiras, as taxas praticadas eram altíssimas. Já com o processo digital, o custo de transação diminuiu consideravelmente, possibilitando que o valor final para os vendedores seja menor e a disponibilidade de recursos instantânea.
Sendo assim, para os empreendedores brasileiros, o produto significa menos intermediários e consequentemente custos mais baixos. E para o mercado, representa a entrada de uma nova onda de consumidores, especialmente no comércio eletrônico, já que é totalmente digital e não exige a posse de um cartão de crédito para parcelar os gastos.
Em resumo, para o consumidor, o Buy Now Pay Later é uma ferramenta que funciona exatamente como o cartão de crédito tradicional, porém sem o plástico e sem intermediários, permitindo novas economias.
Dentro desse contexto, uma pesquisa realizada recentemente pela fintech Provu mostrou que 37,6% das pessoas que utilizaram o BNPL nos últimos seis meses o fizeram pelo fato de não ter limite de crédito disponível para compra. Outros 23,6% optaram pela modalidade porque não fazem uso do cartão de crédito.
Não à toa, o BNPL é, acima de tudo, um mecanismo de inclusão social, visto que o pagamento contempla, inclusive, os desbancarizados, que de acordo com estudo do Instituto Locomotiva são mais de 34 milhões no Brasil.
Prova disso é que a modalidade pode usar inteligências artificiais para mapeamento sociodemográfico e ter um processo de aprovação e inclusão mais efetivo. Dessa forma, permite a inclusão de mais pessoas no sistema financeiro e a melhora das condições de preços e limites para aqueles com pouco acesso.
Em relação aos juros de compra, os modelos de riscos e comportamentos entendem que existem pessoas com pouco ou nenhum acesso ao mercado financeiro e muitas vezes não cobram juros dos clientes, permitindo que seja uma operação financeira com excelente custo. E mesmo nas operações que possuem juros, quando comparados com o juros do rotativo do cartão de crédito, a economia é significativa.
Por fim, a agilidade do BNPL combinado ao Pix facilita que mais transações sejam realizadas 24 horas por dia, 7 dias por semana. Vantagem também já que muitas vezes o limite do Buy Now Pay Later é aprovado antes mesmo do cliente chegar à etapa de pagamento. Não há dúvidas que o saldo será positivo para o Brasil. Já estamos colhendo os frutos.
Marcelo Bentivoglio iniciou sua carreira no banco Goldman Sachs, na área de Electronic Trading. Em 2015, foi pioneiro ao fundar a fintech de crédito para PMEs Banfox, vendida em 2019, mesmo ano em que assumiu a área de Banking as a Service da Socinal CFI. Em 2021, Marcelo se juntou ao time de fundadores da QI Tech, empresa de tecnologia com licença bancária e primeira SCD aprovada pelo Banco Central do Brasil, e hoje é o sócio responsável pela estratégia da companhia. Marcelo é bacharel em Economia pelo Insper.