Durante o IoT Business Forum 2018, realizado nesta terça-feira, 19 de junho, promovido pela TI INSIDE, em São Paulo, foram discutidas as prioridades do Plano Nacional de IoT e a estratégia brasileira para a transformação digital, cujo objetivo é promover o avanço do País em várias esferas, colocando o Brasil no patamar dos negócios 4.0 globais.
Depois de um amplo estudo de IoT realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações (MCTIC) como meio de propor uma agenda de impacto para o Brasil, na semana passada o BNDES anunciou a chamada para seleção de projetos-piloto de IoT, para testes de plataformas de experimentação e/ou em ambientes reais.
A agenda do BNDES e do MCTIC contemplou três pilares: horizontal (privacidade, segurança, capital humano, inovação, conectividade, etc.); foco em verticais de maior impacto (saúde, agronegócio e cidades inteligentes e, posteriormente, na indústria), dos quais serão destinados R$ 15 milhões. Além disso, foi desenvolvido um plano de ação 2018-2022. Dessa forma, a agenda do banco vem se desdobrando em diferentes iniciativas: adaptação dos instrumentos de apoio (fundos, crédito e credenciamento de soluções); agenda de cidades inteligentes; pilotos de IoT.
Segundo Carlos Azen, gerente de Tecnologias da Informação e Comunicação do BNDES o orçamento geral para os próximos cinco anos soma R$ 40 milhões não reembolsáveis e o apoio do banco está limitado a 50% e o restante será das CETs, que puxarão toda a cadeia. Além disso, as universidades também serão atores fundamentais nesse processo.
“O banco já conta com 14 fundos e R$ 600 milhões disponíveis para investir em IoT, lembrando que atualmente as empresas que trabalham com Internet das Coisas contam com menos de dez funcionários, o que representa 46% dessa indústria”, comenta.
Da cidade para o campo
Um dos aspectos fundamentais para a criação de projetos piloto de IoT é conhecer os processos e torna-los transparentes. Portanto, para tornar as cidades inteligentes, por exemplo, é preciso que os gestores tenham a visão clara de todos os processos para conectar as coisas com segurança. Nesse sentido, o BNDES lançou, no início deste ano, uma Cartilha de Cidades Inteligentes.
Antonio Carlos Valente, chairman da everis no Brasil, lembra do projeto implementado em Águas de São Pedro, que contou com uma série de benefícios na telefonia. “Mas quando IoT trata da municipalização não há conhecimento nem pauta de discussão nas cidades sobre as novas tecnologias e a inovação que podem proporcionar. Por isso, fico satisfeito ao ver o papel que o BNDES está desempenhando na sociedade”, comenta.
Diferente das cidades inteligentes, onde há poucas iniciativas e até tímidas, o agronegócio vem avançando porque a IoT tem um grande impacto nos negócios da agricultura, principalmente a familiar, com uma representatividade que conta com 88% de propriedades rurais são pequenos produtores.
“Estamos diante da agricultura 4.0, baseada em conteúdo digital (drones, colheitadeiras automáticas para medir a produtividade no campo, medidores de temperatura e umidade, etc.). E, embora tudo isso ainda não esteja integrado, a ideia é tornar a Fazenda 4.0, projeto da Embrapa, ser uma referência no Brasil por meio de parcerias público/privado”, comenta Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária.
Enquanto nas cidades e no campo os projetos piloto do BNDES avançam, a indústria será o quarto setor a receber fomento do banco nos projetos de IoT. Entretanto, o mercado têxtil já antecipa iniciativas. Puxado por um déficit comercial de US$ 4 bilhões, a inovação torna-se prioridade. Diante disso, o Senai CETIQT-RJ criou no ano passado a Fábrica 4.0 com o objetivo de alavancar os negócios nesse segmento.
Segundo Robson Marcus Wanka, gerente de Educação do Senai CETIQT, o projeto usa as principais tecnologias inovadoras, como Inteligência Artificial, IoT, realidade aumentada, entre outras. “Hoje a indústria têxtil passa por uma grande transformação. Pensando nisso, as peças são produzidas e customizadas pelos clientes, que recebem as peças com as suas assinaturas”, explica. A iniciativa desencadeou um MBA que hoje conta com 48 empresas participantes para criação de projetos reais de Indústria 4.0. “Antecipamos os planos do BNDES e queremos ser parceiros nos avanços das diretrizes da indústria”, finaliza.