Sobram vagas e faltam profissionais para preenchê-las. Esta não é uma afirmação utópica. Infelizmente, as empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação instaladas no Brasil encontram inúmeras dificuldades para preencher os postos de trabalho. Ao invés de buscarmos culpados para esse cenário adverso, é hora de empresas, empresários, governo e instituições de ensino ? técnico ou superior ? unir forças para atacar o cerne do problema.
A primeira mudança deve começar no ensino fundamental. É primordial que a escola promova e estimule os primeiros contatos das crianças com as novas tecnologias. Na Ásia e na Índia, por exemplo, jovens de sete a oiti anos já entendem o funcionamento de computadores, de celulares e outros aparelhos eletrônicos. No Brasil, o acesso às tecnologias ainda é restrito a estudantes de poucos colégios particulares.
Como segundo ponto a ser atacado, é preciso ?desmitificar? a idéia de que a integração entre empresas e entidades de ensino técnico e superior é meramente comercial e não agrega valor ao processo de aprendizagem. Empresas de tecnologia, assim como de outros setores, precisam de profissionais aptos a desenvolver novos produtos e dar suporte aos já existentes. E de onde vem a mão-de-obra qualificada? Das entidades de ensino. Assim, é evidente que tal integração tem o objetivo de proporcionar experiências reais no mercado de trabalho, criando oportunidades de aprendizado para a formação de futuros líderes.
A iniciativa de promover intercâmbios com as instituições de ensino também deve partir das empresas. É preciso que os empresários do setor exerçam um papel cada vez mais colaborativo no processo de formação dos futuros profissionais.
Outro fator preocupante é o elevado número de desistências no decorrer dos cursos superiores de informática. Estima-se que 68% dos alunos que iniciam os estudos em alguma faculdade/universidade de tecnologia, não terminam a graduação.
Apesar de o MEC ter permitido maior flexibilidade nas grades curriculares, tornando-as mais próximas da realidade do mercado, as variáveis mais representativas para o grande número de desistentes são velhas conhecidas, tais como: modelo de ensino, considerado ultrapassado; a pouca interação com os professores; e o conteúdo pouco condizente com a realidade do mercado de trabalho. Na avaliação dos jovens estudantes, o resumo é: ?os cursos são chatos?.
Para os que chegam a concluir a graduação, mais um dilema: o inglês. Em um mundo globalizado, de informações e novidades por segundo, os profissionais não podem se dar ao luxo de não falar o inglês. Por isso, com o objetivo de proporcionar uma formação completa, as universidades devem repensar a grade curricular e incluir, em caráter de urgência, o ensino de língua inglesa.
O profissional brasileiro é muito bem visto no mercado internacional. Apesar das adversidades, somos tidos como criativos ? e posso dizer que criatividade é muito importante em tecnologia. No entanto, a competitividade da indústria brasileira de software no mercado internacional passa inexoravelmente pela formação de profissionais capacitados.
O futuro é agora e integrar é preciso.
Ernesto Haberkorn é sócio-fundador da Microsiga e idealizador do Projeto Microsiga Dá Educação