Alguns anos atrás quando a gente viajava de férias e esquecia uma conta para pagar era um verdadeiro sufoco. A informação que você precisava (a conta) estava a KMs de distância e você não tinha como ter acesso a ela de uma forma fácil. Perder uma informação única, como um vídeo de infância ou um álbum de fotos, também era algo comum, para o qual não tínhamos muitas opções.
Hoje a realidade mudou. Podemos pagar nossas contas com poucos cliques na tela do celular e acessar álbuns de fotos e vídeos em poucos minutos, de qualquer dispositivo conectado à internet.
Hiperconectados, esta é a palavra capaz de definir, o que somos e seremos ainda mais no futuro. Podemos afirmar: somos seres conectados, a toda a hora e lugar, para gerar, comentar e compartilhar informações, localizações, ações e muito mais… Vivemos uma espécie de “nova era tecnológica”, que modifica gradativamente a maneira como nos relacionamos com a tecnologia e, principalmente, o modo como a tecnologia afeta o nosso cotidiano e ações.
E se podemos fazer tudo com facilidade e em qualquer lugar para nossas atividades pessoais, naturalmente as empresas devem pensar da mesma forma para as operações de negócios. E nesse contexto, surge a Terceira Plataforma de TI. O termo ainda é ‘novo’ para muita gente, mas seu conceito e utilização já é atuante nas empresas há um certo tempo, mesmo que de forma tímida.
Após as duas primeiras plataformas, sendo a Primeira Plataforma representada pelos mainframes e a Segunda Plataforma representada pelo modelo cliente-servidor, com amplo uso de PCs para acesso as informações corporativas, a Terceira Plataforma agrega de maneira inovadora serviços de Computação em Nuvem (Cloud computing), Mobilidade, Big Data e as chamadas Tecnologias Sociais (Social Business).
No aspecto pessoal, a atuação destas forças reflete no uso crescente de smartphones, aplicativos e redes sociais. No mercado corporativo, no entanto, apesar de soluções serem desenvolvidas de acordo com necessidades cada vez mais extensas ou específicas das empresas, existem novos caminhos para descobrir qual a melhor forma de usar a Terceira Plataforma.
Entre gestores observamos algumas discussões, como: Qual é definitivamente o papel da Terceira Plataforma no mundo corporativo? Ela realmente agrega valor aos negócios? Substituirá as demais plataformas? Vai gerar redução de custos?
Entendo que o papel da Terceira Plataforma é de permitir as empresas quebrar as barreiras hoje impostas pela Segunda Plataforma, como a limitação de acesso a informação, disponibilidade e análise de dados, visando se antecipar as demandas do mercado.
Certamente ela pode agregar valor aos negócios; basta observar como as instituições financeiras estão destinando investimentos para permitir aos seus clientes acesso as suas informações bancárias em qualquer local e a qualquer hora, atendendo os clientes no formato 24×7 sem a necessidade de manter agencias abertas o tempo todo.
Não acredito que em médio prazo ela substituirá as demais plataformas e o motivo é simples: até hoje a segunda plataforma não substituiu completamente a primeira plataforma, visto que o uso de mainframes nas grandes empresas ainda é algo comum.
E com o uso de mobilidade, big data e aplicações na nuvem, as empresas poderão se beneficiar da informação sempre disponível, em qualquer dispositivo e ainda entender o comportamento dos seus clientes, permitindo a criação de ofertas mais especificas a cada perfil de cliente, reduzindo custos e aumentando a lucratividade.
Definitivamente a Terceira Plataforma permite aumentar a disponibilidade e fornecer mobilidade em alta escala aos serviços corporativos. Ela permite as pessoas executarem tarefas e obter acesso a informações que antes só estavam disponíveis se a pessoa estivesse fisicamente dentro da empresa ou conectadas através de dispositivos específicos preparados para tal função
A Terceira Plataforma também muda o paradigma no desenvolvimento de aplicações e a criação de infraestruturas para suportar as aplicações corporativas.
Se nas plataformas anteriores as empresas confiavam suas informações a equipamentos (Servidores, Storages, etc) de marcas conhecidas, como uma forma de garantir a disponibilidade, na Terceira Plataforma isso não é mais um requisito. As aplicações podem rodar na nuvem e não é mais importante, do ponto de vista da aplicação, qual é a marca do Servidor ou do Storage.
Quando se fala de segurança, o conceito também muda totalmente. Se nas plataformas anteriores era possível controlar o acesso as informações basicamente controlando o acesso à rede e servidores críticos, na Terceira Plataforma isso não é mais possível. Deve se pensar de uma forma diferente pois os colaboradores passam a acessar as informações em locais não controlados, como redes Wifi gratuitas em hotéis, aeroportos, lojas, etc, utilizando diversos tipos de dispositivos (Tablets, Celulares, Laptops, etc), sem pensar que as informações não ficam mais armazenadas em grandes servidores controlados e sim espalhadas na nuvem.
Em janeiro de 2010, de acordo com pesquisas do IDC foi constatado que apenas 3,5% das empresas usavam ou consideravam usar quaisquer serviços em nuvem, enquanto em novembro de 2013 o número chegou a 60%. Não há o que discutir, o mundo está hiperconectado e as empresas também. A Terceira Plataforma chegou para ficar e as empresas terão que se adaptar a ela.
Josiel Santos, especialista em virtualização e diretor de tecnologia e serviços da OS&T Informática.