Publicidade
Início Blogueria Mudança climática, como a tecnologia pode ajudar a proteger um recurso tão...

Mudança climática, como a tecnologia pode ajudar a proteger um recurso tão escasso como a água

0
Publicidade

O estresse hídrico provocado pelos efeitos da mudança climática tem repercutido com intensidade em várias regiões da América Latina, mobilizando os esforços dos governos locais, agências reguladoras e empresas relacionadas ao setor de abastecimento. Todas elas voltadas para cuidar deste recurso essencial a fim de que possa ser vertido na cadeia de suprimentos sem sobressaltos.

Os dados são reveladores. De acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a escassez hídrica atinge mais de 40% da população mundial; mais de 40 países sofrem hoje de estresse hídrico e 10 deles estão prestes a atingir o esgotamento de suas reservas renováveis de água doce, dependendo de fontes alternativas. O aumento das secas e a desertificação têm agravado estas tendências. As estimativas indicam que uma em cada quatro pessoas será afetada pela escassez recorrente de água por volta de 2050. Mas, com o crescimento da população, seria preciso mais 120% de água.

O mais grave para nossa análise é que vários dos países mais atingidos por este fenômeno pertencem ao nosso continente. Embora pareça um contrassenso, a Colômbia, por exemplo, é um dos nove territórios do mundo com maiores recursos de água, mas um terço de sua população urbana é atingida pelo estresse hídrico, em virtude da mudança climática e do crescimento demográfico. Conforme pesquisas realizadas pelo Instituto de Hidrologia, Meteorologia e Estudos Ambientais do país, 391 municípios já estão expostos à escassez de água.

Além disso, ainda há consideráveis deficiências nos serviços hídricos. A cobertura do abastecimento de água administrada de maneira segura é 73% em nível nacional (40% nas zonas rurais) e a cobertura do saneamento gerenciada de maneira segura é de apenas 17%.

O mesmo ocorre no nordeste brasileiro, uma região onde qualquer mudança no abastecimento de água gera graves problemas socioeconômicos para sua população. O Brasil é o maior produtor mundial de café e está enfrentando uma de suas piores secas em quase um século e se teme que haja uma queda considerável na safra anual se as chuvas da primavera não chegarem para aliviar os efeitos da seca. Tudo isso significa um aumento no índice de pobreza e a concorrência pelo recurso: consumo humano versus agricultura.

O Chile oferece outro exemplo alarmante. É um dos dez países do mundo mais afetados pela mudança climática e, conforme dados do Ministério de Obras Públicas, as empresas sanitárias precisam investir pelo menos 700 milhões de dólares nos próximos 5 anos para garantir o abastecimento, incluindo poços de maior profundidade para captar a água dos aquíferos, as tubulações para ligar represas com usinas de tratamento e novas usinas de dessalinização.

Diante deste panorama, como a tecnologia pode contribuir de forma contundente para que um recurso essencial possa chegar aos usuários sem inconvenientes?

Os problemas de insegurança envolvendo esta cadeia de valor estão relacionados, sobretudo, às ameaças à infraestrutura. Neste caso, a infraestrutura crítica seria localizada em planícies e represas, ou seja, em lugares afastados, com equipe reduzida, tornando estas instalações em alvo de roubos, vandalismo e sabotagem.

O conceito de “serviços públicos seguros” surge para reimaginar todo o potencial da tecnologia e aplicá-lo de forma inteligente, a partir da adoção de um ecossistema ‘integrado’ que permita todo este fluxo de informação em tempo real, fornecendo análise e facilitando a rápida tomada de decisões na cadeia completa de valor do serviço, além de um sistema que preveja, proteja e ative a resposta nos momentos críticos.

No caso do abastecimento de água, o maior desafio da integração consiste na variedade de tecnologias e sistemas utilizados na cadeia. Rádios que não se comunicam com smartphones, imagens que não podem ser compartilhadas em diferentes dispositivos, redes com diferentes padrões, falhas de conectividade, longos tempos de análise e, em consequência, longos períodos de resposta, levando quase sempre a situações críticas.

Felizmente, a pandemia não deteve a inovação e o que antes era um obstáculo se transformou em uma ponte. Os rádios digitais evoluíram para interoperar com soluções de vídeo, tornando possível um ecossistema de tecnologia realmente integrado que permite reconhecer eventos importantes, antecipar medidas e ajudar a prevenir incidentes.

As soluções inteligentes de segurança por vídeo se tornaram cada vez mais necessárias, pois permitem visualizar a cadeia sem a necessidade de estar fisicamente no local do incidente. Quando uma câmera detecta algo – tanto câmeras fixas quanto corporais – há meios de análises que combinam esses dados, transmitem a informação já processada de forma inteligente e atuam para notificar as equipes que podem solucionar o problema, se for o caso. Em outras palavras, permitem que a cadeia de abastecimento em funcionamento opere de maneira integrada e coordenada.

A integração das tecnologias também proporciona benefícios preditivos, o que significa mais segurança para garantir o gerenciamento dos problemas de forma mais rápida, dos mais simples aos mais complexos, antes de se tornarem incidentes.

A água é valiosa e a adoção de um ecossistema integrado permite abordar este recurso a partir de três pilares:

  1. Supervisionar e proteger: as instalações e sistemas de reservatórios que sempre são ameaçados por enchentes, inundações e, inclusive, por atentados;
  2. Analisar e monitorar: o que ocorre em amplas instalações com áreas de segurança, espaços públicos, equipamentos críticos, visitantes, fornecedores e equipes;
  3. Comunicar: para manter as equipes conectadas e informadas sobre alertas críticos, fornecendo resposta, seja a um incidente rotineiro ou a uma emergência.

À medida que este recurso for esgotando, será preciso repensar a operabilidade do abastecimento de água, levando-a a um patamar mais eficiente com a ajuda da tecnologia. O ecossistema de tecnologias sob o conceito de “Serviços Públicos Seguros” proporciona a segurança física e a eficiência operacional necessárias para garantir que a informação flua como a água, onde é necessário e em tempo real.

Rodrigo Cabral, especialista em inovação em segurança para empresas na Motorola Solutions.

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.

Sair da versão mobile