Em épocas de crise, ao mesmo tempo em que é importante diminuir as despesas, é fundamental aprimorar a prestação de serviços – atendendo às necessidades do consumidor – e suprir determinadas lacunas dos negócios, como sazonalidade, espaço e mão de obra.
Neste sentido, o processo de vendas no cenário atual do Varejo vem ganhando um parceiro: a tecnologia, que se tornou fundamental para buscar incremento e agilidade nas vendas.
Comum nos Estados Unidos e em países da Europa, o modelo de caixa onde o próprio consumidor registra e paga os produtos comprados ainda é recente no Brasil. Em Portugal, por exemplo, em uma importante cadeia de lojas que oferece produtos culturais e eletrônicos, cerca de 18% das transações diárias são feitas em canais de autoatendimento, o “selfcheckout”. A instalação destes equipamentos ampliou o número de caixas e agilizou o processo, com média de 662 clientes por equipamento por dia.
No Brasil, o autoatendimento em outras áreas já é uma realidade, o que permite afirmar que o brasileiro já está familiarizado com a tecnologia e gosta de se sentir protagonista no processo, seja ele de compra, de pagamento etc. Dados do Banco Central mostram que o País apresenta número bastante semelhante ao de outros países em outros tipos de terminais, como bancos, pagamentos de estacionamento dentre outros. Enquanto o Brasil conta com 9,1 terminais a cada 10 mil habitantes, Estados Unidos, União Europeia e Japão, por exemplo, têm índice de 13,8; 9,9 e 10,6, respectivamente.
As principais vantagens do selfcheckout são a agilidade e redução no tempo de atendimento. Por outro lado, mitos sobre falta de segurança no processo, necessidade de corte de colaboradores e alto custo de implantação ainda inibem o crescimento da tecnologia no País.
Com relação à segurança, os terminais “selfcheckout”, além de contarem com a supervisão de um profissional do supermercado, pelo menos na fase inicial de adoção ou como supervisão a conjuntos de vários equipamentos, podem ser monitorados de forma remota, o que garante a segurança dos consumidores e do estabelecimento, evitandos perdas. É importante ressaltar isso, pois uma resistência à adoção do selfcheckout está associada ao risco de perdas, mas o fato é que, no caso do “checkout” tradicional, isso ocorre quando o cliente e o operador atuam como cúmplices para desviar produtos no caixa do supermercado.
Sobre a mão de obra, a nova tecnologia, ao contrário do que se pensa e baseado no histórico de outros países, não gera demissões: em geral, os varejistas sabem a importância de reter funcionários treinados em seus procedimentos e em sua cultura, e preferem deslocá-los para outras atividades como o acompanhamento de operações ou reposição de produtos, como uma forma de agilizar o atendimento como um todo. E, claro, o que acontece é uma evolução na qualificação dos colaboradores, para funções de maior responsabilidade.
Antonio Casarotti Junior, gerente comercial de Automação Comercial da OKI Brasil.