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Samsung pode sofrer pressão de acionistas por acúmulo de dinheiro em caixa

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O acúmulo de dinheiro em caixa pode se tornar um grande desafio para a Samsung. Líder no mercado de smartphones, a fabricante coreana obteve 32,2% de participação de mercado no primeiro trimestre deste ano, superando a Apple, que ficou atrás com 17,3% de market share, segundo a IDC. Com um negócio rentável, a companhia registrou de 42% de crescimento no lucro líquido no período e seu caixa e equivalentes aumentou cerca de US$ 40 bilhões no fim de março. Mesmo após quitar uma dívida, o caixa líquido da Samsung é um dos maiores da Ásia, com um total de US$ 28,5 bilhões, de acordo com The Wall Street Journal. O valor quase triplicou em apenas um ano.

O problema é que a companhia não tem planos do que fazer com essa “montanha” de dinheiro. Analistas consultados pelo jornal americano acreditam que a Samsung o usará para aquisições visando reforçar a área de software ou de equipamentos médicos. Mas eles acham que os acionistas devem começar a pressionar por retornos mais elevados, seja reivindicando maior distribuição de dividendos, que atualmente é menos de 1% do preço por ação, ou por meio da recompra de ações. Essas possibilidades, inclusive, foram mencionadas ao diário por um dos controladores da fabricante, Willis Tsai, diretor da divisão de pesquisa de ações da TIAA-CREF. “Quando encontrar com a empresa, provavelmente a primeira pergunta que farei será se eles pretendem manter todo esse dinheiro.”

A Samsung declarou, por seu lado, que suas reservas financeiras serão gerenciadas de forma a priorizar “investimentos sustentáveis para áreas como instalações, pesquisa e desenvolvimento (P&D) e marketing, que ajudarão a empresa a solidificar ou aumentar sua competitividade”. A companhia não comentou, entretanto, sobre pagamento de dividendos, recompra de ações ou planos de futuras aquisições.

Está claro que a maior parte do ganho da empresa provem da venda de smartphones, que geram mais dinheiro por não exigir tanto investimento de capital quanto as divisões de chip e de componentes. Apesar de ter um histórico de despesas enormes com a construção de novas e maiores fábricas, nos últimos anos, a Samsung manteve a despesa majoritariamente equilibrada. Segundo o analista da Sanford C. Bernstein, Mark Newman, ouvido pelo The Wall Street Journal em Hong Kong,  “a quantia de dinheiro nunca foi tão grande porque era sempre reinvestida, mas agora está começando a mudar”. Newman estima que o caixa da Samsung pode crescer para aproximadamente US$ 91,6 bilhões até o fim de 2015. “Está ficando perto do ponto onde é mais do que suficiente.”

Com base na atuação da empresa, o “estoque” está sendo construído rapidamente, em parte, por conta da administração conservadora da Samsung. Além da distribuição de dividendos muito baixa, a fabricante não recompra papéis desde 2007, e adquiriu apenas empresas de pequeno porte ou pequenas participações em grandes companhias nos últimos anos. É possível que muito em breve ela sofra pressões como as da Apple, que anunciou no mês passado a venda de US$ 17 bilhões em títulos, valor recorde para este tipo de operação nos Estados Unidos. A fabricante do iPhone manteve a meta de distribuir US$ 100 bilhões em dividendos até o fim de 2015. Ainda assim, a fabricante coreana ainda teria uma longa caminhada para alcançar a Apple na questão de acúmulo de caixa que, considerando os equivalentes e títulos e valores mobiliários, atingiu US$ 144,7 trilhões no fim do primeiro trimestre.

Newman, da Sanford C. Bernstein, disse que fica cada vez mais claro que a Samsung pode procurar uma aquisição multibilionária em um futuro próximo e que deve realizar algum tipo de retorno aos acionistas dentro dos próximos dois a três anos. Para ele, a iniciativa mais provável seria a recompra de ações.

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