Cerca de 87% dos internautas de 5 a 18 anos não possuem restrições ao uso da internet e 63% dos pais não impõem regras para o uso que seus filhos fazem da rede. Os dados fazem parte de uma pesquisa divulgada pela organização não-governamental SaferNet, responsável pela Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, que atua em parceria com o Ministério Público Federal de São Paulo. Para a realização do estudo a ONG ouviu 1,4 mil crianças, jovens e pais de todo o país.
De acordo o levantamento, 64% dos jovens usam a internet no próprio quarto, contrariando uma das dicas de prevenção que orienta a manter o computador em área comum da residência. Além disso, 77% afirmaram que não possuem limite algum no tempo que podem ficar navegando na web, embora 55% dos pais tenham dito que acham que os filhos ficam tempo demais conectados. 38% dos jovens relataram já ter sido vítima de algum tipo de agressão ou humilhação pela internet, o chamado cyberbullying, e 10% disseram já ter sido vítima de chantagem on-line.
Os dados mostram ainda que 80% dos jovens internautas preferem sites de relacionamento, 27% disseram já ter encontrado com amigos que conheceram pela internet e 65% foram a esses encontros sozinhos, sem o conhecimento dos pais. Com relação aos dados pessoais, 72% dos jovens publicam suas fotos, 51% divulgam nome e sobrenome, 61% compartilham a data de aniversário e 21% fornecem o nome da escola ou clube que freqüentam.
O diretor de prevenção e atendimento da SaferNet Brasil, Rodrigo Nejm, destacou que o uso do computador pelas crianças e adolescentes no quarto contraria todas as dicas básicas de segurança na internet. "Crianças e adolescentes precisam e podem usar a internet, mas em área comum da casa, o contrário do que tem acontecido".
Ele destacou também que o limite do tempo de navegação diminui conforme a idade aumenta, mas que há poucos limites inclusive para os que começam a usar a rede ainda muito cedo. "Muitas crianças começam a usar a internet com 5 anos e desde essa idade não há regras. O que ela vai vivenciar nesse período é muito preocupante".
Nejm dá um alerta aos pais: "A questão não é proibir, é orientar. Ninguém deixa os filhos saírem sozinhos na rua à noite sem saber onde e com quem vão, o que vão fazer, a que horas voltam. Só que na internet vemos que não é esse o mesmo quadro".