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O que está por trás do que chamam de Home Office?

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Burnout, ou “Síndrome do Esgotamento Profissional”, é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico, resultante de situações de trabalho desgastante que demandam muita competitividade ou responsabilidade. Este mal, que é considerado uma doença ocupacional, já que é adquirida no ambiente de trabalho, tem sido uma das grandes preocupações de executivos e profissionais nos últimos anos. Agora, tem ganhado uma perspectiva diferente em função da quarentena provocada pela pandemia da covid-19.

Hábitos ruins nas formas de trabalho e gestão, usuais no dia a dia das empresas, são praticados há tempos por lideranças, as quais, infelizmente, ainda acreditam ser o binômio “estresse e pressão” a combinação ideal para obter os resultados desejados, mesmo nos dias atuais. Fala-se em trabalho colaborativo, contudo, na prática, o que se vê com muita frequência é o excesso de reuniões onde as pessoas entram e saem de salas em estressantes sessões de trabalho quase de hora em hora, durante todo o dia. Chamam isso de trabalho em equipe, porém, no fim do dia, resta a frustração de não ter se conseguido, na maior parte das vezes, se evoluir o mínimo necessário para que avanços concretos nos projetos possam ser obtidos.

Isto ocorre porque além do excesso de reuniões para se tratar de assuntos diferentes – e muitas vezes desconexos, existe um baixo grau de delegação de autoridade associado a centralização excessiva além da cobrança forte para que prazos sejam cumpridos mesmo em condições não favoráveis. Isso tudo além das mensagens de WhatsApp e e-mails que “bipam” os smartphones durante o dia inteiro, exigindo respostas imediatas. Tudo isso, e mais um pouco, faz com que, segundo estimativa da International Stress Management, no ano passado, pelo menos 32% dos brasileiros sofram algum grau da síndrome de esgotamento. Confunde-se produtividade e eficácia com excesso de trabalho e estresse.

Este cenário já era um problema antes da crise. Agora, começamos a acreditar que seja por causa dela. Cuidado com essa conclusão. Pesquisa realizada no mês de abril último, promovida por um banco em associação com uma empresa de consultoria, com 695 moradores do estado de São Paulo, que aderiram ao trabalho remoto, constatou que a maioria trabalha mais e não consegue separar tempo para descanso. Este resultado pode levar a falsa impressão de que o home office conduz ao estresse. Também aqui recomendamos não se precipitar.

Ao migrar um modelo perverso de trabalho para o ambiente remoto, não se poderia esperar um efeito diferente do desastroso resultado da pesquisa.  Pessoas passando o dia inteiro na frente do computador em reuniões seguidas e não necessariamente produtivas e gratificantes, sem tempo para digerir as informações, tomar decisões relevantes, associadas ao ambiente doméstico não necessariamente preparado e ainda por cima com todas as questões relacionadas a quarentena, tais como filhos em casas e outros aspectos. Isto é o que há por trás do home office que estamos vivendo coletivamente há quase dois meses. Se alguém acredita realmente que essa forma de trabalhar veio para ficar, é bom começar a pensar em como mudar os métodos de trabalho e gestão. As velhas formas são incompatíveis com este “novo normal” que muitos citam como futuro. O mais longe  que se vai chegar é no ‘Zoom Fatigue’, citado pelo amigo Fernando Birman, em artigo publicado na CiaTécnica neste mês de maio, também sobre esse assunto. 

O fato é que o trabalho remoto deve ser precedido da adoção de novos conceitos baseados em equipes e  colaboração onde  competências são agregadas sob demanda,  nos momentos necessários,  em “reuniões ou consultas instantâneas”  com formas de comunicação simples, espontânea que tornam desnecessárias as reuniões grandes, com frequência exagerada, geralmente improdutivas e sem resultados relevantes.  Inspirado no modelo ágil, a nova forma de trabalho, naturalmente adaptada ao ambiente remoto e distribuído, o que já seria aplicável antes da pandemia, deve ser considerado como imperativo hoje e no “novo normal”, felizmente não por causa da quarentena, mas por favorecer a melhoria da qualidade de vida, dando mais tempo às pessoas, o ambiente mais produtivo, pois evita desperdício de tempo, potencializa a redução de custos em postos de trabalho fixos,  deslocamentos e viagens e, finalmente, colabora com as politicas públicas de mobilidade e meio ambiente.

A tecnologia, necessária, mas não suficiente, viabiliza esses conceitos com plataformas amigáveis, que mimetizam ambientes reais de trabalho com imagens, emojis ou avatares em salas reais, onde se pode ver o ambiente de trabalho, conversar com as pessoas ou até tomar um café com um colega ao mesmo tempo em que se trabalha e produz. Estes verdadeiros ambientes digitais de trabalho ou co-workings virtuais são aliados deste novo mundo que vem por aí, integrando toda a infraestrutura necessária para que se trabalhe de casa ou de qualquer outro lugar. Aproveite a necessidade do momento para aprender a lição e desenvolver o modelo de trabalho que certamente fará parte do seu futuro próximo. Não por ser um “novo normal” imposto, mas porque será muito melhor para vocês, para seus colaboradores e para os negócios.

Enio Klein, influenciador e especialista em tecnologia, vendas, experiência do cliente e ambientes colaborativos com foco na melhoria do desempenho das empresas a partir do trabalho em equipe e colaboração. CEO da Doxa Advisers e Professor de Pós-Graduação na Business School SP.

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