O Brandes Investment, fundo que detém a terceira maior participação na Portugal Telecom (7,89%), divulgou comunicado nesta sexta-feira, 28, em que sugere que os sócios devam discutir mais profundamente a oferta dos espanhóis pela Vivo. "Embora a oferta atual represente um prêmio significativo sobre o preço de mercado, ela não reflete a estratégia de longo prazo e o valor operacional da Vivo para a Telefónica", diz o comunicado assinado por Amelia Morris, diretora para investimentos do Brandes.
Apesar das ressalvas em relação à proposta da Telefónica, a diretora do Brandes acredita que a oferta poderá "pavimentar o caminho para uma resolução que será benéfica para as empresas", diz no comunicado.
Análise
A todo momento surgem novas hipóteses para a solução do conturbado casamento entre Telefónica e Portugal Telecom no Brasil. A última delas seria a venda da Vivo e, em um movimento coordenado entre os governos português e brasileiro, a entrada da PT no capital da Oi. Essa hipótese tem chances de estar sendo realmente costurada, já que o primeiro-ministro português, José Sócrates, está em visita oficial ao Brasil. Além do que, a PT na Oi seria um impulso para que a tele brasileira conquiste espaço em países lusófonos na África, movimento que, aliás, estava previsto desde a aquisição da BrT mas até hoje não foi concretizado.
As declarações do fundo Brandes, entretanto, mostram que o segundo e o terceiro maior acionistas da PT (o primeiro é a Telefónica) não concordam com a venda da Vivo.
O presidente do Banco do Espírito Santo Investiment (segundo maior acionista da PT), Santiago Fernandez Valbuena, classificou a ameaça dos espanhóis em lançar uma oferta hostil de "atitude desesperada". O próprio governo português também já declarou que se for preciso a golden share será usada.
As declarações da diretora do Brandes acenam para um acordo que possa acomodar os interesses de portugueses e espanhóis no Brasil. Uma hipótese com chances de atender a esta condição seria a junção de Telesp com Vivo e a manutenção da PT na sociedade. A participação dos portugueses na fusão das duas empresas seria calculada pelo preço que a Telefónica está disposta a pagar, R$ 5,7 bilhões. O acordo é possível, mas é difícl acreditar que, diante das últimas declarações, haja clima para que portugueses e espanhóis possam ser felizes juntos no Brasil.
Comunicado de acionista da PT sugere acordo com Telefónica
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