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A Cidade do Futuro ou o Futuro da Cidades

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Neste tempo de pandemia, é impossível ficar-se imune as notícias que correm pelo mundo. Não se fala outra coisa a não ser do novo Corona Vírus e dos dramas que assolam cidades como Bergamo ou Nova York. Ou ainda das discussões sobre o impacto desta calamidade nos países do terceiro mundo, aonde as condições sanitárias e adensamento populacional são combustível para incendiar a propagação da COVID-19.

Mas assim como outras pandemias, como a peste negra ou a gripe espanhola, esta também passará. E a pergunta que fica é que lições aprenderemos para construir as Cidades do Futuro. Ou melhor, qual será o futuro das Cidades.

Indubitavelmente a tecnologia tem exercido um grande papel neste momento. Empresas do mundo inteiro rapidamente adotaram o conceito de Home Office. Tribunais estão trabalhando com tele julgamento. Famílias separadas fazem reuniões por Skype para conversar. Amigos combinam “happy hours” para brindar cada um em seu canto. E crianças estudam em casa com seus notebooks em aulas virtuais. Tudo isso graças a rede mundial de Internet, construída nos últimos 20 anos e que hoje abraça quase todos os rincões do planeta. Boa parte das estruturas produtivas do mundo só se mantem, porque é possível a continuidade de negócios através dos sistemas de informação disponíveis e que gerenciam os múltiplos aspectos da nossa economia. Até mesmo nossa sanidade mental se beneficia desses encontros e reuniões que estão acontecendo virtualmente.

Para suportar o imenso aumento no tráfego de Internet, decorrente da maior quantidade de reuniões virtuais e tele trabalho que estão acontecendo, empresas como ZOOM, FACEBOOK e MICROSOFT, tiveram que realocar recursos para atender a imensa demanda pelos seus produtos de comunicação.

O impacto econômico global está sendo um peso enorme neste momento, mas o potencial transformador desta crise trará consequências inimagináveis nos próximos anos. E ao contrário dos pessimistas, prevejo que elas serão positivas em médio prazo e as expectativas que iremos afundar em uma grande depressão não deve ocorrer. Ao contrário, iremos acelerar o progresso e o desenvolvimento a um ritmo nunca visto.

Por quê?

Empresas começam a verificar que sim é possível, trabalhar sem a presença física dos colaboradores. Então para que escritórios enormes em centros urbanos, com custos elevadíssimos, obrigando empregados a perder horas e horas deslocando-se em congestionamentos gigantescos, só para se sentarem em uma mesa pela maior parte do dia? Esta crise fará muitas empresas perceberem que o tele trabalho sim é possível e que produz resultados muitas vezes mais eficiente do que com a presença efetiva nos locais de trabalho. Vão perceber também que a redução de custos decorrentes desta nova ordem no trabalho, compensará em muito, qualquer eventual perda de controle sobre as atividades que venham a ser desenvolvidas pelas equipes. A consequência direta para as cidades será a redução do trânsito e da poluição. Veneza deu o primeiro aviso dessa possibilidade, quando golfinhos voltaram a nadar em seus canais agora cristalinos. Wuhan tem hoje céus azuis, muito distinto do enorme e poluído cinza de alguns meses atrás. E os pássaros voltaram a gorjear nos céus de São Paulo.

Os ganhos de eficiência e de produtividade serão inacreditáveis neste futuro que se avizinha. Dentro deste novo modelo de trabalho, cidades passarão rapidamente por grandes transformações. Uma das consequências será uma redução do adensamento populacional, das aglomerações e do trânsito. Em contrapartida, haverá a explosão dos benefícios econômicos gerados por uma rede produtiva de pessoas que estarão mais e melhor conectadas. Este aumento de ganhos econômicos, explica-se pela Lei de Metcalfe , além de outros estudos que apontam nessa direção, como o “White Paper”  Impacto Econômico da Interoperabilidade e diversos estudos do ITU e da WITSA. Os Impactos positivos na produtividade e em consequência o crescimento do PIB das cidades, regiões e países, será considerável.

Outra área que será alvo de grandes transformações é o setor de logística.  Como estamos observando, uma boa parte da população urbana mudou, por necessidade, seus hábitos de compra e hoje está a utilizar os serviços de entrega em domicílio para evitar sair de casa. Aqui nos Estados Unidos só a Amazon está contratando 100.000 pessoas para dar vazão a enorme demanda de pedidos. Se juntarmos as outras grandes empresas de comércio virtual, o número chega a mais de um milhão de novos empregos só esta semana. O perfil do comércio mudará, deixaremos de ter lojas para comprar e passaremos a ter lojas para experimentar. Esta nova tendência, apoiada pelas tecnologias de informação e distribuição, permitirão a redução dos volumes de estoque nos centros urbanos, aonde o custo de aluguéis é caríssimo, o que permitirá otimizar os espaços e reduzir os investimentos de lojistas e comerciantes em ativos e aluguéis. Na Cidade do Futuro, você irá a uma loja para experimentar o produto. Se gostar e quiser comprar, basta aproximar o celular ao produto, clicar na autorização e ele lhe será entregue na porta de sua casa em algumas horas. Tudo conectado: Loja, conta do banco, estoque remoto, transportadora e seu endereço. Simples, ágil e fácil.

Além da educação a distância, do trabalho remoto e das compras em lojas de experiência, outra área importante que passará por modificações é o setor de saúde. Com os sensores já existentes e os novos sistemas de IoT (Internet das coisas) que estão em desenvolvimento, o atendimento médico será também virtualizado. Através da nuvem, seus dados biomédicos serão continuamente monitorados a distância por profissionais e por sistemas de Inteligência Artificial. A sua ida ao consultório e aos laboratórios, só será necessária em casos muito especiais. Isto permitirá identificar problemas de saúde em suas fases iniciais e você será tratado muito antes que estes problemas se tornem críticos. Os níveis de eficiência na prevenção e tratamento de enfermidades, será elevado a patamares nunca antes possíveis. Para isso, empresas como a IBM, com o sistema WATSON de Inteligência artificial, ou a MEDTRONICS, com seus dispositivos de acompanhamento biométricos a distância, estão na vanguarda destas tecnologias.

Transformações em muitas outras áreas deverão acontecer. Não há bola de cristal capaz de identificar quais serão todas elas. O espectro será amplo, desde os setores econômicos, aos socias e culturais. De qualquer forma não sou ousado em dizer que a pandemia do Corona vírus, vai permitir que um futuro melhor possa chegar mais rápido a nossas cidades.

Lorenzo Madrid, presidente do Smart City Business Institute – USA.

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