CMMI não é técnica, não é método, não é uma descrição de processos e também não é ferramenta. O CMMI (de Capability Maturity Model Integration, ou Integração dos modelos de maturidade da capacidade) é um modelo de qualidade.
Também pode ser considerado um conjunto de boas práticas para o desenvolvimento de projetos, produtos, serviços e integração de processos. Na prática, os processos, técnicas, ferramentas e métodos utilizados por uma organização serão influenciados pelos conceitos do CMMI.
Mas o CMMI está num nível de abstração maior ? ele pode ser considerado um guia de boas práticas, as quais influenciarão esses vários aspectos da maneira pela qual uma organização desenvolve seus produtos e serviços. Uma outra maneira de compreender o que é o CMMI seria a de considerá-lo um conjunto de requisitos para processos. Ou seja, o que um processo de trabalho de classe mundial deveria contemplar? O CMMI dá um conjunto robusto de orientações, que se bem interpretadas e adaptadas respeitando-se o contexto de cada empresa, levam a melhorar a qualidade, produtividade e eficácia das organizações que os aplicam.
Assim como um aluno não consegue absorver um volume muito grande de conhecimentos de uma só vez ? e por isso precisa trilhar um caminho com níveis de graduação progressivos e planejados ?, uma empresa não é diferente.
Organizações também necessitam planejar a absorção de novos conceitos, aprendê-los, interiorizá-los e praticá-los. Isso acontece paulatinamente. E é por esse motivo que o CMMI tem, em uma de suas representações, o conceito de ?estágios?, ou de ?níveis de maturidade?. São cinco os níveis de maturidade do CMMI, cada um deles indicando o estágio do programa de melhoria de qualidade no qual a organização está, a saber:
1 ? Caracterizado pela imprevisibilidade ? não é um nível a ser atingido, mas sim a constatação de que uma organização não tem seus processos sob controle. A variação de resultados é enorme, pela imprevisibilidade.
2 ? Caracterizado pela gestão básica de projetos ? requisitos são gerenciados e os processos são planejados, medidos e controlados. A variação diminui pelo uso de processos estruturados nos quais os profissionais foram treinados.
3 ? A organização aproveita suas boas práticas. A retenção do conhecimento se dá a partir do aproveitamento sistemático de boas experiências, e seu uso em projetos subseqüentes. A variação diminui pelo uso de experiências que anteriormente foram bem sucedidas.
4 ? O conhecimento quantitativo dos processos organizacionais permite que o nível de previsibilidade aumente e a variação dos resultados diminua. O foco aqui é o estabelecimento de objetivos quantitativos para a qualidade e a performance dos processos, e seu uso para a gestão eficaz.
5 ? O conceito de ?inovação? e ?melhoria contínua? está enraizado na organização. Com base no conhecimento quantitativo e baseado em estatística (nível 4), identificam-se oportunidades de melhorias nos negócios que poderão ser contempladas pela inovação (nível 5).
O nível 5 não é o ?final da linha?. Pelo contrário ? é o início. Nesta fase, as organizações terão os instrumentos para melhorar continuamente. Portanto, a diminuição da variação no uso dos processos organizacionais, e o conseqüente aumento da visibilidade gerencial são dois dos aspectos mais importantes que uma empresa pode vislumbrar como resultado ao se implementar os conceitos do CMMI.
Como se vê, a excelência não acontece por acaso.
*Carlos Alberto Caram é diretor executivo da ISD Brasil e avaliador de CMMI credenciado junto ao SEI (Instituto de Engenharia de Software) da universidade americana Carnegie Mellon