Publicidade
Início Blogueria Engenheiro de obras prontas: o melhor cargo do mundo

Engenheiro de obras prontas: o melhor cargo do mundo

0
Publicidade

Certamente você conhece aquele tipo que aparece do nada na reunião (marcada de última hora) para falar dos problemas que estão impactando o projeto e, de repente, como se fosse o maior conhecedor do assunto, começa, sem pedir licença nem se identificar, a fazer perguntas do tipo: “Porque vocês utilizaram esta metodologia? Não seria melhor ter feito com outra?” ou “Seu cronograma está perfeito, mas poderia ter ficado melhor”.
É incrível! Ele passa a maior parte da reunião como um verdadeiro inquisitor, critica tudo, aponta outras maneiras “tão boas” como a que você escolheu de conduzir o projeto e pontua que os resultados seriam sempre melhores se a maneira da condução fosse aquela recomendada por ele.
No final da reunião ele desaparece e, quando você menos espera, ele reaparece na reunião com o cliente, contemporiza que tudo o que o cliente pede será feito e que a sua empresa está absolutamente engajada e comprometida com os resultados desse projeto.
Ele novamente desaparece e reaparece apenas na reunião de resultados com o CFO, argumenta que o que você esta fazendo está perfeito, mas poderia ter sido feito diferente com resultados mais satisfatórios.
Situação como esta ninguém aguenta por muito tempo. Quando a indignação e a paciência se esgotam, você decide descobrir quem é o cidadão e a surpresa é sempre a mesma em todas as empresas: ele é “assessor para assuntos aleatórios” em projetos de grande complexidade.
Este é o melhor cargo do mundo (também conhecido como “engenheiro de obras prontas”). Ele não faz nada, não se compromete com nada, tem solução para tudo, aparece sempre em momentos de crise e depois de analisar o óbvio, sugere ações que, na maioria das vezes, são impraticáveis. É incrível, mas mesmo assim, ele acaba sendo reconhecido pela alta administração como Guru. Infelizmente isso acontece porque, na maioria das vezes, o board das empresas possui pouca visibilidade dos projetos e acaba ficando sempre com a primeira história que ouve.
Como um bom Gerente de Projetos, aprende-se no dia a dia que tudo sempre tem o lado bom e o lado ruim. O bom desta história é conseguir utilizar a influência do assessor em favor próprio e elaborar um plano de ação exequível colocando o projeto novamente nos trilhos.
A missão é quase impossível. Além da propriedade da invisibilidade, o assessor tem uma armadura que escorrega mais que bagre ensaboado em sopa de quiabo.
O primeiro passo é cultuar e venerar as suas sugestões (você duvida que a vaidade do cidadão transcenda a qualquer divindade?). A aproximação pelo culto sempre dá resultado. Mas cuidado: não exagere! Ele tende a utilizar a veneração para colocar a culpa dos erros nos discípulos.
O próximo passo é fazê-lo acreditar que as ações necessárias para colocar o projeto nos trilhos nasceram da cabeça dele. Você é apenas um compilador das informações captadas durante as infindáveis conversas que mantiveram.
Ainda vivo? Pergunto, pois não é raro alguém ser sacrificado para justificar os erros e normalmente é o Gerente de Projetos.
Se você conseguiu sobreviver e mantiver o assessor por perto pode considerar-se um Gerente de Projetos de sucesso.
Próximo de reverter, em definitivo, a situação, restam duas ações para se livrar do assessor e colocar definitivamente o projeto em ordem: apresentar o plano de ação para o responsável pelo assessor (ou você acha que o “engenheiro de obras prontas” tem esta posição por pura competência?). Conseguir o apoio da alta administração é fundamental para o sucesso do projeto.
A segunda e a mais difícil é, com a participação do criador e da criatura (entenda-se assessor e o responsável por ele), apresentar e receber a aprovação do cliente para o plano de ação proposto e sair da reunião com a garantia de que você é a pessoa mais recomendada para continuar a conduzir o projeto.
Como eu disse, uma missão quase impossível, mas nada de novo na vida de quem tem no seu dia a dia a missão de Gerenciar Projetos.


Alberto Marcelo Parada, formado em administração de empresas e análise de sistemas, com especializações em Gestão de Projetos pela FIAP. Já atuou em empresas como IBM, CPM-Braxis, Fidelity, Banespa, entre outras, e atualmente integra o quadro docente nos cursos de MBA da FIAP. Diretor de Projetos Sustentáveis da Sucesu-SP.

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.

Sair da versão mobile