Inovar para transformar. Esse é lema da VLI, uma das maiores empresas de logística do Brasil, que vislumbrou a importância da transformação digital do um setor considerado tradicional. Ela reúne as ferrovias Norte Sul (FNS) e Centro-Atlântica (FCA), terminais intermodais e portuários situados em eixos estratégicos da costa brasileira.
Para isso, ela investiu na criação de um centro de excelência para o desenvolvimento de processos e tecnologias, visando otimizar o desempenho de seus ativos e incentivo a novos negócios e soluções para seus clientes.
Para liderar a iniciativa, contratou há poucos mais de 2 anos, Loïc Hamon, gerente geral de Inovação & Digital, que abrange as áreas de desenvolvimento de tecnologia, de transformação digital em logística e inovação.
Segundo ele, o objetivo dessa estratégia é enfrentar o desafio de transformar uma empresa desse tamanho, que reúne mais de 7 mil funcionários, e acompanhar as mudanças que estão acontecendo no setor de logística, sair da comoditização usando plataformas e ferramentas digitais e ganhar mais competitividade.
Inovação
Para mudar o mindset, a VLI desenvolve programa Inova, um movimento com a missão de fornecer a estrutura necessária para o desenvolvimento de novas ideias na companhia, contando com a ação de colaboradores e tecnologias para estimular o intraempreendedorismo e encontrar soluções que transformem a logística.
O Programa permite os colaboradores tenham contato com metodologias e ferramentas de inovação e de desenvolvimento de startups, novos negócios e mentorias com profissionais de mercado por meio da participação em um processo intensivo de desenvolvimento em competências para soluções de problemas do negócio.
A VLI também organiza bootcamps para os times refinarem suas iniciativas, utilizando design thinking e metodologias ágeis, para em dois dias de imersão gerar capacitação, mentorias, aprofundamento dos problemas, entendimento das soluções e compartilhamento de oportunidades para cada uma das iniciativas inscritas; após este processo, apresentam um pitch para uma banca de avaliação formada por líderes da companhia, ocasião que são selecionados no máximo cinco times para participar da etapa de aceleração.
Hamon explica que a empresa desenvolve um projeto de ideação, com participação da alta direção e poucos executivos, cerca de 15 pessoas, para discutir uma série de tendências de transportes e logísticas globais, mapeando potenciais novos negócios para a organização.
Diz ainda que a VLI está começando a avaliar o mercado de corporate venture capital (CVC) com investimento em uma startup de agritech, em fase final de negociação para aquisição de parte do capital. “Estamos sentido a temperatura do mercado de CVC”, explica Hamon, acrescentado que no segundo semestre deverá ser anunciada uma nova parceria com uma greentech. “Podemos ajudar a startups a conseguir escala através de penetração de mercado da VLI, e ao mesmo tempo, beneficiar nossa própria operação e desenvolver novos produtos”.
Tecnologia
Com foco em criar competência tecnológica, a VLI trabalha com projetos de desenvolvimento de software, arquitetura de dados, conectividade de sensores, 5G, inteligência artificial, internet das coisas, segurança e gestão de risco. Uma equipe com 110 colaboradores dedicados e mais 300 indiretos.
Com o objetivo de melhorar a eficiência operacional do embarque de navios, a VLI desenvolveu um software que permite criar planos otimizados para movimentar mais volumes com os mesmos recursos operacionais, respeitando os limites de estabilidade e segurança do navio. Essa iniciativa de otimizar o embarque de navios é pioneira no mundo e coloca a empresa como protagonista nesse processo de propor carregamento de grãos para os navios, pois até então, só havia solução voltada para contêineres.
A plataforma foi lançada em junho de 2022 e passou a ser usada nas operações da empresa no Terminal Portuário de São Luís (TPSL), no estado do Maranhão. Por sua vez, em setembro deste ano, foi implantada no Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquita (Tiplam), localizado na Baixada Santista, em São Paulo. Com a redução nas horas de carregamento em ambos os portos, a meta prevista de ganhos financeiros até novembro passado era de R$ 1,170 milhão. Esse número já foi superado e os ganhos acumulados chegaram a R$ 1,229 milhão nesse período.
Dentro de um programa de melhoria operacional, a VLI está usando uma solução que usa fibra ótica nos trilhos onde um aparelho captura a cada 40 quilômetros uma assinatura sonora de um trem passando pelos trilhos, e através de machine learning se treina um algoritmo de IA que reconhece determinados eventos. Ela foi desenvolvida por uma empresa austríaca, pelo qual é possível detectar condições meteorológicas, como enchente, queda de barreiras, identificar rachadura nos trilhões, etc., o que servirá para ações de manutenção preventiva.
Outra solução de IA foi desenvolvida para monitorar vibração e temperatura dos injetores das locomotivas, que apoiada por machine learning, gera um modelo para a realização de manutenção preventiva.
Na ferrovia em São Luís do Maranhão, a VLI uma solução de computação visual desenvolvida em parceria com uma startup brasileira, que filma os componentes críticos dos vagões em movimento, gerando informações para detectar problemas eventuais. A empresa também está em negociação com uma startup norte-americana, que oferece uma solução similar com câmeras de alta resolução para trens que rodam em alta velocidade.
Hamon explica que a VLI busca constantemente investir em novas tecnologias, avançar na transformação digital, criar novas soluções e frentes de atuação, contabilizando mais de 200 iniciativas que usam inúmeras tecnologias, tendo em vista cumprir os objetivos do plano estratégico negócios da companhia definido até 2030.
