Quando, no mês passado, entrou com um processo na Justiça contra o site alemão StudiVZ, líder em redes sociais naquele país, o Facebook sustentou que a empresa havia copiado ilegalmente o layout do seu site de relacionamento, com gráficos e características semelhantes. "Grande parte do sucesso, se não todo, do StudiVZ se deve ao fato de ter copiado e violado os direitos de propriedade intelectual", havia dito o Facebook na denúncia apresentada ao Tribunal Distrital de San Francisco, na Califórnia.
O que não foi mencionado – conforme contou um ex-executivo do StudiVZ ao jornal International Herald Tribune – é que o Facebook vinha negociando há meses a compra da empresa, cuja sede fica em uma antiga padaria, no bairro de Prenzlauer Berg, próximo a Berlim Oriental. "O Facebook pode ter uma tecnologia superior, mas não tem os usuários na Alemanha", disse o executivo, sob a condição de anonimato, porque as conversações foram confidenciais. "É isso que deseja o Facebook com StudiVZ."
A compra do StudiVZ – abreviação de Studentenverzeichnis, que em alemão significa lista de estudantes – reforçaria a presença do Facebook em um dos poucos grandes mercados mundiais no qual não tem uma participação significativa. A rede social tem mais de 132 milhões de usuários em todo o mundo, de acordo com a empresa de pesquisas ComScore. Mas StudiVZ, com 12,2 milhões de usuários na Alemanha – dados de junho –, é de cerca de dez vezes o tamanho da versão alemã do Facebook.
"O desafio que se coloca para o Facebook é que o proprietário do StudiVZ, Holtzbrinck Gruppe, já disse diversas vezes que quer, no mínimo, 85 milhões de euros (o equivalente a US$ 134 milhões), com base no valor pago em janeiro de 2007 pelo site. Holtzbrinck está numa posição invejável de não ter que vender o StudiVZ", confidenciou o executivo ao jornal.
Uma segunda pessoa que mantém um relação de negócios com o StudiVZ disse desde o ano passado o Facebook vem negociado sem sucesso com Holtzbrinck para comprar o site de relacionamento. "Eu sei que as duas empresas se reuniram várias vezes para discutir oferta feita pelo Facebook", disse ela.
A porta-voz do Facebook, Debbie Frost, se recusou a comentar o assunto. No entanto, um funcionário do site de relacionamento, falando sob condição de anonimato, confirmou que as duas empresas tinham mantido conversações, mas disse que na maior parte delas foi discutida a questão da cópia ilegal. O StudiVZ não respondeu ao pedido de entrevista do Herald Tribune.