Cortes na HP devem atingir principalmente a divisão de serviços de TI, oriunda da ex-EDS

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A divisão da HP mais afetada pelo corte de 33,3 mil postos de trabalho ao longo dos próximos três anos, anunciado pela companhia na terça-feira, 15, deverá ser a de serviços de tecnologia, criada a partir da aquisição da EDS em 2008, por US$ 13,9 bilhões, segundo uma pessoa com conhecimento no assunto revelou ao The Wall Street Journal.

Considerada à época uma das principais empresas de serviços do mundo, oferecendo desde serviços de desenvolvimento de aplicações, consultoria até administração de data centers corporativos, e comprada para fazer frente à IBM, a EDS acabou se mostrando um negócio não tão promissor quanto o esperado.

Os cortes são um sintoma de quão mal a HP calculou a evolução do mercado de serviços de tecnologia da informação. Fundada em 1962 pelo americano Ross Perot, a EDS foi por muito tempo uma espécie de balcão único para as empresas que queriam se livrar da complexa tarefa de prover e gerenciar os serviços de tecnologia e os próprios departamentos de TI. No decorrer dos anos, com o aumento da concorrência das empresas indianas de serviços de TI, a empresa começou a sentir cada vez mais pressão sobre o negócio. Sem conseguir espremer ainda mais a margem de lucro da operação, que utiliza mão de obra de forma intensiva, a HP viu a divisão perder competitividade.

Para piorar, hoje, com a expansão da computação em nuvem, as empresas não querem mais gastar milhões com infraestrutura, já que esses serviços permitem que utilizem servidores de baixo custo e sistemas de armazenamento de dados em data centers da Amazon.com e Google, por exemplo, e por um preço bem menor do que o dos tradicionais serviços de TI da HP.

Procura pelo jornal americano, a HP não quis comentar sobre as demissões na divisão de serviços. Em declarações a analistas de Wall Street na terça-feira, o chefe de serviços da empresa, Mike Nefkens, disse que ela fez progressos notáveis. "Nosso programa de redução de custos está tendo sucesso e nossas margens estão se expandindo", afirmou ele. Analistas ouvidos pelo diário avaliam, no entanto, que os cortes de empregos são a forma de a HP criar um negócio mais ágil, que pode atender melhor às necessidades dos clientes, por meio da oferta de computação em nuvem, ou off-loading de computação e software pela internet.

Os cortes na divisão de serviços não chegam a ser propriamente uma surpresa. Em 2012, quando a HP começou a cortar 55 mil postos de trabalho, a unidade também foi uma das mais atingidas. Analistas inclusive temem que, com as novas demissões, ela possa ficar tão poucos funcionários que será capaz de atender os atuais clientes de forma satisfatória.

Na realidade, os serviços de TI em empresas como a HP e IBM vêm diminuindo já há algum tempo e os lucros caindo drasticamente. A prova disso é que a receita da divisão de serviços da HP, no trimestre encerrado em julho, diminuiu de 11% na comparação com igual período do ano anterior, de US$ 5,6 bilhões para US$ 5 bilhões. A margem operacional foi apenas 6%, bem abaixo dos 9% que HP esperava alcançar.

Com a IBM não é diferente. As vendas da divisão de serviços de tecnologia da companhia caíram 10,5%, de US$ 9 bilhões para US$ 8,1 bilhões, sendo que margem de lucro bruto da divisão foi de 36,6%.

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