Setor eletroeletrônico vê 2012 como um ano de incertezas

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Com desempenho fraco este ano e pressionada por ambiente de incertezas no exterior e as condições internas do país, a indústria eletroeletrônica faz previsões menos favoráveis para 2012 do que as projeções para 2011 apuradas no fim do ano passado. É o que mostra análise divulgada nesta quarta-feira, 21, pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). As empresas do setor defendem a necessidade de ações do governo para solucionar as barreiras à competitividade e impedir a continuidade do processo de desindustrialização. Segundo dados da Abinee, o setor deverá crescer 13%, atingindo um faturamento de R$ 152 bilhões. A balança comercial deverá apresentar déficit de US$ 37 bilhões, 17% acima deste ano 2011.

No caso específico do segmento de informática, a avaliação do diretor da área na Abinee, Hugo Valério, é que 2012 será um ano difícil, com crescimento pequeno. Segundo ele, alguns fatores podem se tornar grandes inibidores do crescimento. “Nesse contexto, os principais desafios para a área de informática no novo ano são os efeitos da crise europeia e americana no nosso mercado, que podem trazer retração de consumo e aumento da concorrência dos importados que buscarão o mercado brasileiro de forma muito agressiva.”

Outro desafio apontado por Valério será em relação à oferta de componentes – como o caso de drives de disco rígido –, em razão das enchentes ocorridas na Ásia, as quais invadiram muitas fábricas e afetaram a logística dos países fornecedores. Ele diz que preocupa, também, a exigência do governo de aumentar conteúdo local dos produtos, sem se preocupar com a competitividade de custos, afetando os preços dos produtos finais e podendo inviabilizar sua produção no Brasil, em razão do custo de adensamento poder exceder as desonerações fiscais concedidas.

Oportunidades e obstáculos

Em relação ao segmento de telecomunicações, avaliação do diretor da Abinee, Paulo Castelo Branco, é que o desempenho da indústria do setor no próximo ano terá a influência de vetores que podem ser catalogados como oportunidades e outros claramente como obstáculos. “Do lado das oportunidades, podemos citar o mercado ainda demandante de serviços e que parece estar longe da saturação. O fato mais relevante é a proximidade de eventos esportivos internacionais que demandarão serviços de TIC em geral. Não fossem essas novas fontes de demanda, apenas o crescimento orgânico das redes já apresenta um mercado interessante –dados da Telebrasil de novembro mostram que o setor atingiu 300 milhões de acessos.”

Castelo Branco diz ainda que a isso deve ser acrescentado o fato de as redes de telecomunicações se encontrarem no limite da capacidade e que qualquer pequeno acréscimo de demanda de cada uma das fontes de tráfego gera grande necessidade de ampliação dos meios. “Juntando essas circunstâncias temos uma resultante de mercado muito interessante. Também são positivas a sinalização da Anatel de acelerar o processo de estabelecimento das regras para os novos serviços, bem como a estabilização do desenho societário do segmento das operadoras de serviços de telecom, favorecendo novos investimentos em redes e serviços.”

Do lado das dificuldades o diretor da Abinee ressalta que 2011 termina com a crise econômica europeia ainda longe de um equacionamento, e com os Estados Unidos patinando para sair da crise de 2008. Castelo Branco lista uma série de incógnitas que levam a esse quadro, como qual será o impacto dessa situação sobre as operadoras de telecomunicações sediadas na Europa e que operam no país, bem como sobre seus fornecedores europeus; se haverá disposição das teles de investir, por exemplo, nas redes de quarta geração com leilão previsto para o primeiro semestre de 2012; se houver interesse de investir em redes, haverá disposição de se estabelecer linhas de produção no país para suportar os fornecimentos. Segundo ele, somente se forem atendidas estas questões, 2012 tem muitas chances de ser um bom ano para a indústria.

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