Dados de usuários devem ser protegidos de governos e empresas, defendem ativistas

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Quando se fala em segurança e privacidade na internet, muitas vezes a relação imediata estabelecida é a de perseguição política e bloqueio do ciberativismo por governos. Mas a atenção com a manipulação das informações dos usuários deve ser a mesma quando elas estão nas mãos de empresas, alertam ativistas. O tema foi  debatido no Humans Rights and Tech Conference, evento que acontece esta semana no Rio de Janeiro.

"O exemplo principal é o Facebook. Quase ninguém lê os termos de aceitação do serviço que, na realidade, estabelece que o usuário está vendendo todas as informações sobre si para a empresa lucrar com campanhas de publicidade", lembra o desenvolvedor Jacob Appelbaum, ativista ligado à privacidade na web. Segundo ele, é de responsabilidade dos usuários buscar alternativas para serviços como o da rede social, que condiciona o usuário a um sistema fechado.

Appelbaum também criticou a Microsoft por ter feito um retrocesso nos mecanismos de segurança do Skype após a compra da empresa. "Eles adicionaram uma ferramenta de espionagem e, se necessário, escutam as conversas dos usuários. Ou seja, nós temos que buscar aplicativos semelhantes se não quisermos colocar ninguém em risco", defende ele, enumerando alguns software como o Red Phone, Ostell e Criptophone. Esses apps criptografam o conteúdo da comunicação durante todo o processo.

A diretora de Responsabilidade Social Corporativa da ONG Foley Hoad, Sarah Altschuler, atua junto a empresas para auxiliá-las na gestão consciente dos dados dos usuários. "Mesmo quando há a necessidade de armazená-los, é necessário conscientizar que os data centers onde serão hospedados estão ligados diretamente à legislação do país onde se localizam", lembra a ativista.

Tanto Sarah quanto Appelbaum veem progressos após discussões como a mudança de política de privacidade do Google, mas são cautelosos sobre governos democráticos tentando aprovar leis para regular a privacidade dos cidadãos, como já acontece na União Europeia. Sarah vê possibilidade de chegar a um consenso sobre uma ação governamental ou a própria autorregulamentação da indústria.

Jacob Appelbaum, contudo, mostra-se radicalmente contra, sob a justificativa da liberdade do acesso como um direito humano básico. "Se a internet é livre, ela será usada por pessoas boas e más. Não podemos impedir nem os criminosos de utilizá-la", lamenta o desenvolvedor.

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