Em muitas empresas, as ações relacionadas com mídias sociais estão sob a responsabilidade de agências que ainda não sabem como tirar proveito de todo o potencial do meio.
Esta é, em resumo, a avaliação de Marcelo Negrini, diretor para desenvolvedores da plataforma de comércio digital Buscapé Company, sobre como as mídias sociais estariam contribuindo para acelerar a inovação dos negócios no país.
Negrini, um dos participantes do painel "Social Commerce – recomendar é um bom negócio?", que acontece na quarta-feira, 3, no Web Expo Forum, acumula experiência em áreas como desenvolvimento de negócios, planejamento de marketing online, estratégia de mídia social e publicidade interativa.
Antes de assumir o posto atual na Buscapé Company, o diretor passou por empresas como Microsoft, Garage Interactive Marketing e LabOne Systems.
Confira, abaixo, o que pensa o especialista sobre alguns dos tópicos que serão abordados no Web Expo Forum (Leia mais na versão impressa da revista TI Inside).
Web Inside – Qual o maior desafio no uso de mídia social para acelerar a inovação nas empresas?
O principal desafio é entender para que as mídias sociais servem, no contexto de cada negócio. Infelizmente, o mercado optou por entregar as ações de mídias sociais a agências que acham que as mesmas são um veículo para concursos infantilizados.
WI – E no Brasil, como as empresas estão nesse quesito?
Como no mundo todo, o uso de mídias sociais é, em geral, medíocre. Basta ver que a maioria dos varejistas, nas datas de grandes vendas, insistem em pedir fotos e frases em concursos meio bestas. Por outro lado, existem operadoras de telecomunicações que são geniais no monitoramento e na reação ao que dizem nas mídias sociais.
WI – Há chances de as mídias sociais se tornarem plataforma de vendas?
As mídias sociais são excelentes meios de recomendação ou rejeição de produtos. Daí a querer fechar a venda no contexto do Facebook ou do Twitter, me parece uma bobagem. Não porque não faz sentido como princípio, mas tecnicamente essas plataformas não são adequadas em termos de usabilidade. Eu prefiro ir para uma loja virtual de verdade, bem desenhada, mas que leia minhas preferências a partir do Facebook, por exemplo.
WI – Como o Brasil está nessa área, em comparação com o mundo?
Não consigo ver nenhum país muito avançado em colocar, com sucesso, lojinhas no Facebook. Quanto a usar informação de Facebook, Twitter e outras ferramentas para enriquecer a experiência no e-commerce, que é o que realmente interessa, o Brasil está bem posicionado em relação ao resto do mundo. O que ainda não temos aqui é um marketplace "consumer-to-consumer" rico como a eBay, mas Mercado Livre e QueBarato são avanços nessa direção.
WI – Como impedir que a explosão de dados (big data) seja fonte de "entulho" de dados na empresa, em lugar de fonte de inteligência?
O problema do big data não é a entrada de muita informação. O problema é que faltam nas empresas pessoas que tenham tanto visão do negócio quanto espírito inovador. Uma solução é disponibilizar a informação capturada para desenvolvedores externos, e deixar as ideias e aplicações surgirem.
WI – As empresas brasileiras entenderam isso?
A Buscapé Company vive de big data. É nosso papel capturar muita informação, classificar, normalizar e dar ferramentas para o consumidor analisá-las. Mas somos "ponto fora da curva", esse é o nosso DNA. A maioria das empresas ainda não descobriu a diferença entre big data e business intelligence: Com big data, você abre ao máximo para o público, enquanto o business intelligence fica restrito ao uso interno da empresa. Os modelos são complementares, não exclusivos.