Apesar de a área de tecnologia da informação constar da pauta de discussões da visita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará à Índia, entre os dias 3 e 5 de junho, nenhum dirigente ou associação do setor fez parte da comitiva oficial.
A Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Software e Serviços para Exportação) recebeu convite do Itamaraty e do Departamento de Promoção Comercial da Brazil Tradenet, mas segundo seu presidente, Antonio Carlos Rego Gil, apesar do interesse, não houve tempo suficiente para viabilizar a participação da entidade que representa as empresas voltadas para a exportação de software e serviços de TI.
?A visita é de caráter geral e não específica de TI. Haveria muito pouca possibilidade de viabilidade de realização de negócios?, acrescenta Gil. O prazo para confirmar a participação foi de apenas uma semana.
Da comitiva também não faz parte nem o ministro da Ciência e Tecnologia nem representantes da Apex (Agência de Promoção de Exportações e Investimento), órgão ligado ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que desenvolve um programa de exportação de software. A informação foi que de a comitiva tinha sido organizada diretamente pela presidência da República.
Convite
O texto do convite assinado pelo diretor do Departamento de Promoção Comercial da Brazil TradeNet, Henrique Sardinha Pinto, afirma que o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, estaria à frente da missão comercial.
O texto diz que ?a aproximação econômico-comercial com a Índia é uma das principais metas do governo no campo do comércio exterior. A partir de 2000, o intercâmbio comercial do Brasil com a Índia cresceu significativamente. Naquele ano, o fluxo foi de apenas US$ 487 milhão, praticamente idêntico aos observados nos anos finais da década de 90. Em 2006, o comércio bilateral aumentou, atingindo US$ 2,4 bilhões, dos quais US$ 900 milhões em vendas brasileiras. Parte desse crescimento pode ser creditado a negócios resultantes da primeira missão empresarial que acompanhou o presidente Lula em sua visita à Índia, em janeiro de 2004. Observa-se, no entanto, que as exportações brasileiras, em 2006, experimentaram redução de 17% em relação a 2005, razão pela qual se faz necessário novo esforço de promoção do potencial exportador brasileiro.
O convite explica que cinco produtos são responsáveis por 60% das vendas (40% de petróleo, sulfetos e minérios de cobre), mas que foi identificado oportunidades de 192 produtos importados pela Índia para os quais a indústria brasileira se apresenta competitiva.
O texto diz que ?ademais, os setores de biocombustíveis, infra-estrutura, tecnologia da informação e logística apresentam boas possibilidades para exportações brasileiras e/ou formação de parcerias e atração de investimentos?.
Também está prevista a participação de empresários em workshops setoriais com a presença de autoridades e empresários dos dois países, bem como sessões de "business-network", além de, eventualmente, visitas a empresas, entidades e autoridades governamentais.
MDIC lança Fórum Empresarial Brasil-Índia
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, lançará na nesta segunda-feira (4/6), em Nova Delhi, o Fórum de CEOs Brasil-Índia.
A iniciativa, sefundo o Ministério, é para integrar os setores público e privado do Brasil e da Índia e ampliar os debates sobre o fortalecimento dos laços bilaterais de comércio e investimentos.
O Fórum deverá se reunir duas vezes ao ano, alternadamente, em cada país e será coordenado, do lado brasileiro, pelo MDIC. A primeira reunião de trabalho do Fórum será realizada em Brasília, cerca de 90 dias após seu lançamento.
A Índia já possui iniciativa semelhante com os Estados Unidos, na qual os dirigentes de empresas de diferentes setores apresentam, aos dois governos, sugestões para a promoção de um ambiente de negócios favorável ao desenvolvimento de parcerias entre os dois países.
De acordo com comunicado do MDIC, ao todo, 14 executivos brasileiros já confirmaram suas presenças no Fórum de CEOs Brasil-Índia. O rol das empresas abrange desde o setor da siderurgia ao de auto-peças e construção civil, passando pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Petrobrás, Embraer, Banco do Brasil e Copersucar.
De acordo com a Rede Nacional de Informações sobre o Investimento (Renai) do MDIC, do começo de 2004 ao fim de 2006, três companhias indianas anunciaram investimentos de US$ 31,5 milhões no Brasil, nas áreas de medicamentos, embalagens para medicamentos e motocicletas. Dados da Embaixada da Índia no Brasil mostram que 36 empresas indianas estão instaladas em solo brasileiro, a maioria na área farmacêutica.