A participação dos serviços de valor adicionado (SVA) – como mensagens SMS e internet no celular – na receita das operadoras de telefonia vem crescendo a cada ano no Brasil, mas ainda não atingiu um patamar capaz de fazer frente ao registrado nos países desenvolvidos. Segundo levantamento encomendado à Teleco pela fornecedora de serviços de mensagens Acision, a receita de SVA no Brasil foi de R$ 2,4 bilhões no primeiro trimestre, ou 14,8% da receita total das operadoras.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a participação dos SVAs no faturamento das operadoras foi de 28% no segundo semestre do ano passado e a cifra continua crescendo nas principais operadoras do país. A título de comparação, a operadora brasileira cujo SVA representa mais no faturamento trimestral é a Vivo, com 19,6% da receita, enquanto na Oi e na TIM as participações são de 11,9% e 10,6%, respectivamente. Entre as grandes operadoras norte-americanas e europeias, a cifra gira em torno de 30% – nas americanas AT&T e Verizon, 32,5% e 33,3%, respectivamente; na Telecom Italia, 27,6%.
Com as operadoras asiáticas, onde, segundo a Teleco, as mensagens de celular se tornaram uma das principais formas de comunicação, a participação sobe significativamente. Na japonesa NTT DoCoMo, a proporção de SVA no primeiro trimestre ficou em 45,4% e na chinesa H3C, em 38%.
Segundo o presidente da Acision para a América Latina, Rafael Steinhauser, a defasagem acontece por causa da baixa penetração dos smartphones no Brasil. A pesquisa, realizada nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, mostra que apenas 4% dos brasileiros acessaram a internet pelo celular entre fevereiro e abril deste ano, mas, ao analisar os usuários de smartphones o número sobe para 13%.
Na opinião de Steinhauser, os altos preços dos aparelhos e dos planos de dados oferecidos pelas empresas no país afastam os consumidores brasileiros, enquanto a resistência das operadoras de mudar o foco da prestação de serviços de voz para serviços de internet móvel impedem a penetração da tecnologia no país. O executivo acredita que o modelo atuação das principais empresas de telecomunicações no país, inclusive dos órgãos reguladores, fazem com que o país esteja sempre atrasado na adoção de novas formas de comunicação.
O presidente da Acision para América Latina não vê nenhuma barreira para que a internet móvel, e todas as novas formas de negócios que ela pode trazer, venham para o Brasil. Steinhauser prefere enxergar a baixa penetração de SVA no país como uma grande oportunidade que não deve ser desperdiçada pelas empresas.
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