Brasil é um dos que mais investem em quality assurance de software, diz estudo

0

Na contramão do que ocorre nos mercados da Europa e da América do Norte, onde os orçamentos destinados a quality assurance (garantia de qualidade) para o desenvolvimento de software e aplicações se mantiveram relativamente estáveis no ano passado, no Brasil, a maioria das empresas (56%) aumentou substancialmente seus investimentos nessa modalidade de análise, que garante a qualidade do software ao longo de todo o processo de desenvolvimento. Denominado World Quality Report, o estudo foi realizado em conjunto pela Capgemini, empresa de consultoria e serviços de terceirização e tecnologia, a Sogeti, divisão de serviços profissionais da companhia, e a HP, e analisa o estado de qualidade das aplicações e práticas de teste em vários segmentos da economia em todo o mundo.
O relatório revela que a maioria das organizações (85%) admite a necessidade de racionalização de processos e que as que aplicações de missão crítica, que apresentam tecnologia obsoleta, devem ser revistas e atualizadas para aumentar a eficiência. Em razão desse cenário, 42% das empresas declararam que pretendem aumentar a dotação orçamentária para a garantia de qualidade de aplicações e testes. Entre as razões para esse crescimento, o estudo aponta o surgimento de novas tecnologias, tais como serviços baseados em nuvem, que têm gerado a necessidade por rigorosos testes e controle de qualidade de aplicações para garantir a qualidade e minimizar riscos. Somente no ano passado, o percentual de empresas que migraram alguns dos seus sistemas de TI para a nuvem cresceu para 81%, segundo o relatório.
"As empresas estão optando por ter um processo mais estruturado e a perspectiva é que os investimentos em quality assurance cresçam bastante nos próximos anos, em razão principalmente da expansão do cloud computing no mercado", prevê Sérgio Pagani Carvalho, consultor da Capgemini. Ele observa também que, com a crise financeira mundial e a necessidade de reduzir custos operacionais, as empresas passaram a trabalhar na consolidação das aplicações, em vez de gastarem com manutenção dos aplicativos.
O estudo revela, ainda, que o investimento na garantia da qualidade de software e aplicações é maior nas chamadas economias emergentes. No ano passado, 83% das empresas chinesas e 56% das companhias brasileiras aumentaram substancialmente seus investimentos em quality assurance. Os recursos cada vez mais vêm sendo canalizados para a promoção da eficiência e padronização, muitas vezes através da criação de centros de excelência em testes, que permitem centralizar e consolidar as práticas de controle de qualidade, diz a Capgemini.
O World Quality Report constatou, ainda, que a maioria das empresas tem planos para modernizar as suas estruturas de TI, em vez de continuar a gastar grande parcela de seus recursos de TI na manutenção de sistemas obsoletos e redundantes. As novas tecnologias estão aumento da carga de trabalho das equipes de controle de qualidade, mas os orçamentos não estão crescendo na mesma proporção para suportar a pressão adicional. Uma prova disso é que metade das empresas entrevistadas (58%) disse que seus orçamentos para quality assurance tem se mantido no mesmo patamar ou diminuído, ou que não há recursos específicos para o teste. Apenas 5% delas disseram que seus orçamentos para teste de qualidade de software e aplicações aumentaram significativamente.
Os aumentos mais significativos nos orçamentos para quality assurance ocorreram predominantemente em países como a China (83%) e Brasil (56%), sugerindo que as economias emergentes têm o investimento em quality assurance como estratégico para o crescimento e vantagem competitiva. O maior aumento ocorreu em setores específicos, como de energia, saúde e de mobilidade. A preocupação em alocar recursos na garantia da qualidade de software e aplicações se explica porque os dois países também estão entre os mais rápidos na adoção de infraestruturas em nuvem. Mais de um terço das empresas chinesas (37%), por exemplo, planeja migrar entre 11% e 25% de suas aplicações para a nuvem no ano que vem, enquanto outros 40% estão se preparado para isso.
O estudo avalia o Brasil como um mercado em rápida expansão, atualmente posicionado como a oitava economia do mundo, mas os analistas a Capgemini estimam que em breve se tornará a quinta maior economia global. As razões para o crescimento do mercado brasileiro são variadas: fortes investimentos estrangeiros – o país é considerado o terceiro na preferência para investimentos estrangeiros diretos no período de 2010 a 2012; significativos investimentos em projetos de infraestrutura devido à Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016; além da redução da pobreza, criação de empregos e o surgimento de uma nova classe média, que aumentou os gastos dos consumidores. Os setores-chave que devem impulsionar esse crescimento são o de telecomunicações, que deve aplicar grandes somas no acesso à internet em banda larga e em TV paga; de serviços financeiros, com soluções cada vez mais sofisticadas para apoiar as operações; e de utilities, principalmente das empresas de energia que devem investir somas significativas na capacidade de geração de energia e em redes inteligentes nos próximos anos.
A expansão geral e os investimentos, porém, serão fortemente suportados pelas áreas de TI, que vêm crescendo mais do que a economia em geral, afirma o estudo. E novamente os setores de telecomunicações e serviços financeiros, que têm níveis elevados de automação e são fortemente dependentes de TI, são apontados como os impulsionadores do mercado. A TI hoje tem um papel importante nas organizações brasileiras, que tem um foco forte no desenvolvimento e manutenção de aplicações, inclusive de testes.
A análise dos dados mostra que apenas 30% dos empregos testes no Brasil são subcontratados ou terceirizados, e apenas 30% deles estão baseados fora da empresa. A preferência maior é ter testadores perto do negócio, juntamente com a preferência principal no segmento de nearshore para quem quer terceirizar suas atividades de teste. Esta análise indica a visão de um mercado em que, devido ao seu nível de maturidade, os serviços de testes estão estreitamente alinhados com os usuários finais, e exigem interação constante entre as partes.
Para a Capgemini, o mercado brasileiro está num momento decisivo para os serviços de teste. Foi, sem dúvida, o que mais amadureceu ao longo dos últimos anos e as indicações são de que terá um crescimento contínuo nos próximos anos, alimentado por grandes eventos, incentivos do governo e o surgimento de novos consumidores. Com um ambiente mais competitivo, a qualidade dos produtos e serviços está se tornando um fator-chave para o sucesso e a imagem das empresas. A pesquisa destaca, no entanto, algumas dificuldades e deficiências que as organizações terão de superar. Por isso, a consultoria ressalta que dispor de conhecimentos específicos, juntamente com a metodologia de testes, pode fazer a diferença e ajudar a garantir que obtenham benefícios tangíveis das atividades de teste. "Em geral, o Brasil tem muitas semelhanças com as outras regiões do mundo. O mercado de testes no país está num caminho evolutivo, mas ainda há muito para aprender e aplicar", finaliza o relatório.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.