As vendas pela internet no primeiro semestre deste ano somaram R$ 19,6 bilhões, o que representa um crescimento nominal de 5,2% na comparação com o mesmo período no ano passado, de acordo com dados são da 34ª edição do relatório WebShoppers, publicado pela consultoria especializada em informações de comércio eletrônico Ebit.
Diversos são os fatores que influenciaram este crescimento do volume financeiro movimentado pelos sites de comércio eletrônico. Entre eles, o relatório aponta o aumento de 7% no valor do tíquete médio, que ficou em R$ 403,46, crescimento puxado pela alta de preços registrada pelo Índice FIPE/Buscapé. Além disso, ele destaca a maior participação das classes A e B e a manutenção das vendas de categorias de produtos de maior valor, como eletrodomésticos e telefones celulares.
Entre outros motivos que contribuíram para o desempenho, o WebShoppers elenca o aumento de 31% em consumidores virtuais ativos, aqueles que realizaram pelo menos uma compra no período, chegando a 23,1 milhões, bem como o forte crescimento das vendas via dispositivos móveis, que tiveram 18,8% em participação média no semestre e, em junho, representaram 23%.
"Todos esses fatores somados tiveram influência para que o faturamento registrasse um índice positivo, mesmo com um cenário de retração do varejo como um todo no atual momento do país. Mas as vantagens que a compra online oferece também é motivo de atração aos consumidores que desejam fazer uma compra mais qualificada pagando menos", avalia o CEO da Ebit, Pedro Guasti
No entanto, com o aumento do desemprego e enfraquecimento das compras feitas pela classe C, houve queda de 2% no volume de pedidos na comparação com o ano anterior. No total, foram contabilizados 48,5 milhões de encomendas virtuais. Por outro lado, a renda média familiar dos consumidores online aumentou em 11%, alcançando R$ 5.174.
Neste semestre verificou-se uma mudança no comportamento dos consumidores em relação à preferência dos produtos adquiridos. A categoria "Livros, Assinaturas e Apostilas" (14%) assumiu a liderança em volume de pedidos, seguida por "Eletrodomésticos" (13%), "Moda e Acessórios" (12%, que estava à frente desde a primeira metade de 2013), "Cosméticos e Perfumaria /Cuidados Pessoais/Saúde" (12%) e "Telefonia/Celulares" (9%), nesta ordem.
"Apesar de um começo de ano com menor ritmo nas vendas, a Ebit registrou uma melhora na confiança do consumidor, o que garantiu uma retomada das transações nos últimos meses. A expectativa é de que o crescimento do e-commerce seja maior no segundo semestre potencializado, principalmente, pela Black Friday e Natal", comentou o COO da Ebit, André Dias.
A estimativa de vendas até o final do ano se mantém de acordo com o previsto pela Ebit no começo de 2016. O faturamento deverá totalizar R$ 44,6 bilhões, um crescimento nominal de 8% ante 2015. O número de pedidos poderá chegar a 106,5 milhões, próximo ao apresentado no ano passado.
O ciclo de compra na internet
Em pesquisa especial da Ebit realizada com 7.809 consumidores, entre 3 de junho e 11 de julho de 2016, sobre o ciclo de compra na internet, uma pergunta abordava quais produtos foram comprados no e-commerce nos últimos três meses. Celular/smartphone foi o campeão, com 26% da preferência, seguido por Moda Feminina/Acessórios (19%), Moda Masculina/Acessórios (15%), Perfume (12%) e Esporte e Lazer (11%).
Analisando o item líder em vendas, verificou-se que em média as pessoas demoram 16 dias para tomar a decisão de adquirir um celular/smartphone. Dos consumidores que procuram este produto, 37% já buscam informações apenas na internet antes de fazer a compra e apenas 3% não pesquisaram em nenhum canal.
Questionados sobre os fatores de indução de compra, ainda no caso desse produto de preferência, os respondentes indicaram preço (57%), qualidade (50%) e frete grátis (23%) como os que mais levam em consideração no momento de decisão.
Em relação ao NPS (Net Promoter Score), indicador que mede a satisfação e fidelização do cliente, pode-se perceber uma evolução gradativa nos últimos meses. Uma das causas foi a queda no volume de atraso na entrega, de 8,6% para 7,7% dos pedidos. Se em dezembro do ano passado o índice sofreu uma queda, logo houve uma retomada, saindo de 59,7% naquele mês, alcançando 61,6% em março e chegando a 64,4%, em junho deste ano.
Pesquisa com FecomercioSP
O Estado de São Paulo é o que tem maior faturamento no comércio eletrônico no Brasil. E no primeiro trimestre de 2016 atingiu R$ 3,6 bilhões, segundo pesquisa da FecomercioSP em parceria com a Ebit para o relatório WebShoppers.
A quantia representa, porém, uma queda real de 7,4% na comparação com os R$ 3,9 bilhões registrados no mesmo período de 2015. A região Sudeste é também a mais forte em participação nas vendas (Ebit), detendo no primeiro semestre 64,5% do todo.
Apesar da retração no início do ano, a perspectiva pelas entidades é de melhora nas vendas do varejo geral no segundo semestre, com a retomada dos investimentos e reaquecimento da economia e, por consequência, maior confiança também do consumidor. Datas como Black Friday e Natal também deverão colaborar com um melhor desempenho do setor, fazendo com que 2016 termine melhor do que começou.
No primeiro semestre, a alta dos preços no varejo continuou a atingir também o comércio eletrônico brasileiro. No entanto, a variação acumulada positiva de 2,83% registrada pelo Índice FIPE/Buscapé foi menor que a apontada no mesmo período do ano anterior, de 3,73%. Muito por conta da menor pressão do câmbio sobre os preços dos produtos e componentes importados, que têm grande peso no setor.