Durante o painel "SaaS rewired: AI, humans, and the Latam leap", realizado na quarta-feira, 30, no Web Summit Rio, os CEOs Mônica Hauck (Sólides) e André Palma (Zup) discutiram os impactos da inteligência artificial na produtividade, no mercado de trabalho e no papel do Brasil no cenário tecnológico global.
Mônica Hauck abriu o debate ressaltando que o uso da IA nas empresas representa uma ruptura nos padrões de desempenho. Para a CEO da Sólides, a associação entre inteligência artificial e criatividade humana cria oportunidades inéditas de crescimento e transformação. "Algumas posições vão deixar de existir, mas outras serão criadas, exigindo ainda mais da criatividade humana", afirmou. Mônica defendeu que o uso da IA deve ser visto como uma aliada para o potencial humano, e não como uma ameaça.
Na mesma linha, André Palma destacou a importância de experimentar e aprender com a nova tecnologia, sem receio. "Ter medo pode gerar congelamento. É preciso usar, estudar e entender a tecnologia na prática", afirmou o CEO da Zup. Segundo ele, a adoção de agentes de IA já tem proporcionado ganhos expressivos de produtividade em clientes da empresa. Palma citou um crescimento de até 22% em esteiras de engenharia de software e benefícios de até 70% em operações de negócio, impulsionados por soluções como o StackSpot AI.
O painel também abordou a democratização do uso da tecnologia. Para Mônica, não é necessário ter formação técnica para explorar o potencial da IA: "Hoje, o que conta é a disposição para experimentar e acumular cases. É acessível. Basta um celular e vontade". Ela reforçou ainda que o Brasil possui vantagens culturais que favorecem essa adaptação, como criatividade e flexibilidade, o que coloca o país em posição estratégica no uso e desenvolvimento de novas tecnologias.
André Palma complementou dizendo que o conhecimento específico de cada área pode enriquecer o uso da IA, tornando os resultados mais contextuais e assertivos. Ele defendeu que a IA precisa de humanos com domínio de suas áreas para direcionar corretamente os dados e extrair valor. "Essa combinação entre inteligência natural e artificial é o que vai potencializar os resultados", reforçou.
A conversa também abordou o papel da América Latina no avanço do SaaS. Mônica apontou que o continente representa uma grande oportunidade de negócios por sua combinação de alta densidade populacional e baixa penetração de tecnologia. "Temos um mercado imenso nos esperando, que precisa de automação e produtividade", disse. Já André Palma destacou o protagonismo do Brasil, apontando que o país lidera o uso de IA generativa na região. "Desenvolvemos tecnologia boa. Precisamos acreditar mais na nossa capacidade de levar essas soluções para o mundo", concluiu.
Encerrando o painel, Mônica defendeu que a complexidade da adoção da IA não está mais na tecnologia em si, mas na capacidade de entender e educar o usuário final. Palma, por sua vez, destacou a importância de planejar bem antes de adotar múltiplas plataformas de IA. "A ansiedade pode gerar desorganização. É preciso mapear o problema, validar hipóteses e só depois escalar", afirmou. Ambos reforçaram que o futuro já chegou, e cabe às empresas brasileiras aproveitarem o momento para inovar com responsabilidade.