Quanto mais sistemas implantados, menos conhecimento há dos aplicativos realmente relevantes para os negócios. Esse é o cenário corporativo atual, um contraponto para a adoção do conceito de SOA (arquitetura orientada a serviços), que caminha de forma lenta, porém efetiva para tornar a tecnologia mais flexível e adaptável para benefício dos processos de negócios. Isso foi o que indicou em sua apresentação a gerente de consultoria e pesquisas de software da IDC Latin América, Karen Bitran, durante o breakfast briefing ?Ambiente SOA: do conceito à prática?, promovido em parceria com a Sonic Software no mês passado, em São Paulo.
Segundo ela, SOA não é um conceito isolado. É um dos seis elementos necessários de alcance para o modelo de Dynamic IT, que requer vários investimentos para o fluxo dos aplicativos empresariais, os quais, por sua vez, não devem ser vistos de forma isolada, mas como uma extensão dos processos de negócios. Isso, ressaltou Karen, nas diversas etapas a seguir, desde a implantação de ferramentas de produtividade, de colaboração, de sistemas isolados, sistemas integrados, CRM e ERP, soluções de inteligência dos negócios, consolidação da infra-estrutura e outsourcing até a adoção de SOA e NaaS para atingir uma TI mais dinâmica.
A realidade, segundo a consultora, mostra que as empresas têm dificuldades em conhecer todos os seus processos, como pede a SOA. A adequação de Sarbanes-Oxley, por exemplo, obrigam as empresas a olhar detidamente seus próprios processos a fim de melhorá-los. Mas nem sempre estas empresas têm esses processos claros. Observando o cenário brasileiro, Karen mostrou que as empresas de telecomunicações e finanças encontram-se em nível mais avançado em relação às dos outros segmentos do nosso mercado.
Um ponto bastante interessante exposto foi o resultado de uma pesquisa com 140 executivos de TI durante conferência sobre SOA realizada em Londres, em março do ano passado, quando foi perguntado sobre o estágio atual do emprego de SOA. Um total de 60% respondeu estar ainda na fase investigativa. ?Essa pesquisa mostrou que, mesmo em Londres, SOA ainda não foi completamente assimilado. E nós, da América Latina, vamos demorar um pouco mais para entender e amadurecer este conceito?, comenta Karen.
O mesmo levantamento coletou, junto aos executivos de TI, os desafios que o uso de SOA impõe para as empresas, impelindo-as a expor suas aplicações legadas como serviços, o desenvolvimento de aplicações compostas, mais complexidade nos serviços integrados, exigência de um modelo de negócios, definição dos fluxos do processo de negócios, transformação da mensagem, alto nível de segurança, nível de conformidade nos serviços e desempenho apropriado.
Na conclusão, Karen destacou dez orientações essenciais para a adoção de SOA: entender que SOA é um dos seis elementos estratégicos para o Dynamic IT; na América Latina, as empresas, especialmente no segmento SMB, devem partir da avaliação e do mapeamento de seus processos e rever visão, missão e planos de longo prazo; caso houver peças faltando, considerar os serviços de uma consultoria para unir TI aos negócios; manter o processo simples; definir a informação que necessita ser padronizada; mostrar o valor da proposta, considerando o uso de projetos pilotos e o desenvolvimento de aplicações compostas; executar o piloto, considerando os dados quantitativos e métricas do negócio; apresentar os pontos-chave e estabelecer a confiança; pensar no ecossistema e nos parceiros de negócios; em último, cobrar as métricas de ROI do fornecedor de serviços.