O mercado de software livre cresce no mundo inteiro e embora ainda não seja amplamente conhecido, pode ser considerado um vitorioso do ponto de vista tecnológico. Essa é uma das idéias defendidas por Renato da Silveira Martini, diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), órgão que regula as atividades relacionadas a TI no país.
Martini foi um dos palestrantes do 30º Fórum de Debates Projeto Brasil, que tratou da política nacional de software. Durante a apresentação, ele abordou a questão ideológica por trás da discussão e quais melhorias poderiam ocorrer caso houvesse uma implementação maciça desses programas.
Segundo ele, o papel do governo é muito importante, mas a simples inserção de softwares não patenteados no setor público não dá o suporte necessário ao mercado. Para que o uso de software livre no Brasil se torne possível, o diretor do ITI aponta as principais carências do setor, tais como a falta de investimento em infra-estrutura ? o que não diz respeito apenas às melhorias físicas e tecnológicas ?, em educação, políticas de empregos, em recapacitação e requalificação profissional, no uso intensivo de fundos governamentais e de políticas de taxas
Martini explicou que três modelos estão envolvidos no desenvolvimento do setor, o tecnológico, que trata das tecnologias a serem utilizadas; o de serviços, que envolve a gama de funções e possibilidades de uso que a implementação de tecnologia pode proporcionar; e o de negócios, que trata da geração de receita.
Embora os modelos tecnológicos e de serviço já estejam de certa forma estruturados, a parte que abrange os negócios, segundo ele, ainda é uma lacuna. Para Martini, movimentar grandes cifras lidando com um bem que pode ser facilmente copiado é o centro da questão econômica do mercado open source.
No Brasil, a implementação estruturada do software livre está ligada diretamente às necessidades já citadas. Martini afirma que apenas um profundo estudo da situação pode trazer benefícios concretos ao país, o que inclui discussões sobre certificados, licenciamento de softwares e leis de proteção à propriedade intelectual, que já é vista como uma prioridade na Europa.
Mesmo citando conquistas no mercado interno, como o Pro-Uni (projeto do governo federal desenvolvido totalmente por meio eletrônico), o diretor-presidente da ITI aponta que nos próximos anos o Brasil vai encontrar dificuldades no setor. Ele acredita que se não houver planejamento, os avanços do exterior podem passar despercebidos, ou seja, sem a possibilidade de criação de empregos.