A Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras), entidade que representa indústrias com faturamento de R$ 600 bilhões e investimentos de R$ 10 bilhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação, entregou na quinta-feira, 1º, ao Ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, documento com sugestões para implantação concreta de novos mecanismos para alavancar a inovação, de modo que o setor privado assuma efetivamente o papel de protagonista no segmento. Nos últimos seis anos, a participação desse setor nos investimentos em inovação está estagnada em 47%. Em contrapartida, em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, esse índice chega, em média, a 62%.
"Esse número é um alerta porque sem inovação não há competitividade nem modernização sustentável dos parques industriais, resultado em prejuízo à economia e, principalmente, a toda a sociedade", pondera o presidente da Anpei, Carlos Calmanovici, acrescentando que essa defasagem, em um futuro próximo, poderá comprometer a atuação que o Brasil possui hoje no cenário mundial, posicionando-se em nível menos competitivo em relação à China, Rússia, Índia e aos países desenvolvidos como Estados Unidos, Japão e várias nações européias. "Temos que reverter essa tendência", ressalta.
O documento elaborado pela Anpei enfatiza as principais conclusões resultantes de uma dinâmica de trabalho com a contribuição de mais de 500 participantes, em sua maioria composta por empresários e gestores de departamentos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, além de representantes de universidades, instituições científicas e tecnológicas e órgãos governamentais.
Uma das principais questões abordadas no documento refere-se aos incentivos nacionais, estaduais e municipais para o fomento à inovação, entre as quais, a expansão dos mecanismos atuais, com critérios e conceitos mais abrangentes de inovação e a criação de novas linhas de apoio e fomento para o desenvolvimento e o fortalecimento da capacitação técnica, gerencial e executiva das empresas. Ainda neste tópico está incluída a concessão de melhores condições aos fomentos, incentivos, políticas, taxas de juros para as empresas que se comprometerem a contratar, de forma mais ampla, recursos voltados para a inovação e investirem inclusive na capacitação técnica de seus colaboradores.
Outra proposta da Anpei é a criação de fóruns permanentes de incentivo à inovação, com a participação de representantes do meio empresarial e de todos os órgãos responsáveis pelas políticas públicas de fomento ao empreendedorismo e inovação, tais como, o MCT, MDIC, BNDES Finep, Apex, ABDI e Receita Federal. Esses fóruns teriam a função dar dinamismo às legislações, às regulamentações e às políticas públicas relacionadas à pesquisa, desenvolvimento e inovação de forma a tornar a conjuntura mais favorável à adoção de inovação pela indústria, através de processos simples, transparentes e desburocratizados no que se inclui o acompanhamento, o cumprimento de prazos das partes e a definição de indicadores e metas quantitativas e qualitativas para medir o retorno dos investimentos em P,D&I. O documento propõe também várias ações para a integração em maior escala das universidades, empresas e governo, que resguardados os interesses de cada parte, garantam o desenvolvimento econômico e social.
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