As autoridades policiais dos Estados Unidos estão ampliando o uso de ferramentas empregadas por hackers para obter informações sobre suspeitos. Segundo reportagem do The Wall Street Journal, as agências federais americanas mantêm silêncio sobre o assunto, mas documentos judiciais e entrevistas com pessoas envolvidas nos programas de espionagem forneceram novos detalhes sobre as ferramentas, que incluem spywares (programas espiões) em computadores e em telefones por meio de técnicas geralmente associadas a ataques de hackers.
Pessoas próximas ao FBI (polícia federal americana) disseram ao jornal americano que o uso de ferramentas de hackers com o aval de ordens judiciais cresceu, enquanto agentes procuram acompanhar seus suspeitos por meio de tecnologias da comunicação, incluindo alguns tipos de chat online e ferramentas de criptografia.
O FBI desenvolve ferramentas internas por mais de uma década e compra outras do setor privado, segundo as informações. Com a tecnologia, o FBI é capaz de ativar remotamente microfones em telefones celulares com o sistema operacional Android, do Google, para gravar conversas, relatou um antigo oficial. O mesmo pode ser feito com microfones de laptops sem conhecimento do usuário. O Google não comentou o assunto.
As ferramentas são utilizadas, em sua maioria, em casos de crime organizado, pornografia infantil ou contraterrorismo. Pelo menos desde 2005, o FBI tem usado vírus da internet para reunir endereços da web, lista de programas e outros dados. O FBI utilizou essa ferramenta em 2007 para rastrear uma pessoa que foi condenada por enviar ameaças de bomba por e-mail, em Washington, segundo documentos divulgados em 2011.
A polícia federal americana também "contrata pessoas com habilidades de hackers e compram ferramentas que são capazes de realizar essas tarefas", disse o oficial ao jornal. O FBI se recusou a comentar o assunto.
As revelações ocorrem após o ex-técnico da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), Edward Snowden, denunciar a existência do programa de espionagem eletrônica e telefônica Prism, da NSA e do FBI. Ele também revelou que as agências de inteligência americanas coletam dados dos servidores das empresas de internet mais importantes do país. As denúncias reacenderam debates sobre privacidades de dados ao redor do mundo, inclusive no Brasil.