A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) auxiliará o Ministério da Saúde (MS) na identificação de tecnologias que sejam relevantes para a competitividade da indústria brasileira num horizonte de 15 a 20 anos. O projeto, que está na fase inicial, foi anunciado pela diretora da ABDI, Maria Luisa Campos Machado Leal, para representantes da indústria farmacêutica durante a 7ª edição da Enifarmed.
A ideia é identificar as tecnologias existentes no país que sejam viáveis do ponto de vista científico, que tenham viabilidade comercial identificada e com potencial de difusão tecnológica elevada. "A partir disso será avaliado se o país tem a estrutura produtiva capaz de abranger essa agenda e as competências tecnológicas. Quando existe estrutura e competência, costumamos dizer que essas tecnologias, além de relevantes, são prioritárias", declarou a diretora da ABDI.
Na área da saúde foram identificadas seis agendas estratégicas: de órteses e próteses, biofármacos com foco em monoclonais, nanotecnologias, equipamentos para diagnóstico de imagem in vitro no local, medicina regenerativa, terapia celular higiênica e telemedicina. "As áreas que não tiverem competências tecnológicas ou não tiverem estrutura produtiva para apreender essa agenda, serão consideradas críticas e o governo terá que fazer um esforço para atrair investimentos, joint ventures tecnológicos ou, até, chegar a conclusão de que será preciso importar alguns produto para sempre", explicou Maria Luisa.
A diretora da ABDI ressaltou que todo o domínio tecnológico e incorporação de tecnologias que o governo vem adquirindo com as políticas que estão em execução – somadas ao conjunto de esforços de fomento e de parcerias público-privadas –, como as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) e do uso Poder de Compra têm servido tanto para fortalecer essas indústrias, quanto para atrair mais investimentos.
"Quando falamos em margem de preferência de conteúdo local, não falamos simplesmente em dar um diferencial para a indústria da região, mas, principalmente, em criar condições para que a produção seja mais qualificada e em melhorar nossa produção ao invés de importar determinado tipo de insumos, medicamentos e equipamentos médicos hospitalares", explicou.
Presente na mesa de abertura da Enifarmed, o secretário de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha aproveitou para elogiar as PDPs e o Poder de Compras do Estado. "Este momento é raro. Ver a área da saúde aderindo a uma estratégia de não querer apenas comprar o produto mais barato e colocar nas prateleiras, mas aderindo a uma política de desenvolvimento de inovação e de tecnologia de equipamentos e medicamentos produzidos no Brasil", destacou.
O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Jorge Bermudez, considera que o diálogo do governo com o setor privado tem conseguido avançar em produtos que são estratégicos para o Brasil e em plataformas que capacitam o país a produzir equipamentos e medicamentos. "Na área da saúde, o governo tem buscado um equilíbrio entre o acesso aos medicamentos e os direitos de propriedade intelectual. Acesso é inovação, então, temos que buscar equilibrar o acesso a produtos novos com a necessidade de investimento para fomentar a inovação de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde", defendeu.