O modelo "Buy Now, Pay Later" (BNPL) tem emergido como uma estratégia essencial para empresas que buscam expandir suas linhas de produtos, alcançar novos segmentos de clientes e incrementar suas vendas. Diferente das opções tradicionais de crédito, o BNPL oferece uma modalidade de financiamento de curto prazo que permite ao consumidor realizar compras com pagamento à vista para o lojista, mas parcelar o valor em prazos mais curtos. Essa flexibilidade é particularmente atraente para consumidores com orçamentos mais limitados e tem impulsionado o crescimento exponencial do BNPL, especialmente em mercados emergentes como o Brasil.
O BNPL se assemelha ao tradicional crediário, mas com a vantagem de poder financiar valores menores, algo que nem sempre é viável com as opções de crédito convencionais. Segundo relatório do Morgan Stanley, no Brasil, a aceitação da modalidade no comércio eletrônico subiu de 11% para 18% apenas no primeiro trimestre de 2024, e o volume de BNPL deve atingir US$ 10 bilhões até o final deste ano.
Como dito, para os lojistas, o modelo BNPL representa uma oportunidade de receber o pagamento à vista, enquanto o consumidor usufrui da flexibilidade de parcelamento. Isso não só aumenta a conveniência para o cliente, como também reduz a percepção de risco associada à compra, estimulando o consumo e potencialmente aumentando a fidelização.
Embora o BNPL esteja ganhando popularidade, muitas empresas ainda não adotaram essa modalidade de pagamento. Um dos principais desafios é a integração com sistemas legados, que foram desenvolvidos principalmente para o controle de vendas e estoque, por exemplo, e não para o oferecimento de crédito, o que pode demandar atualizações custosas para se adaptar às novas estruturas de BNPL.
Apesar de uma proposta agregadora e aparentemente simples, acrescentar um novo método de pagamento Buy Now Pay Later a um negócio pode ser desafiador. Isso porque o processo envolve diversas etapas, desde uma análise de crédito robusta, emissão da CCB (Cédula de Crédito Bancário) referente ao valor total da compra, cessão dessa dívida a um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) e operacionalização da cobrança. Parte dessas dificuldades, também, encontra-se em cada um desses processos necessitar estar em conformidade com as regulações vigentes e, por vezes, exigirem uma licença específica do Banco Central do Brasil.
A gestão do risco de crédito é um desafio central, e as empresas precisam garantir que os fluxos existentes, como os previstos pelo Código de Defesa do Consumidor, sejam respeitados. Além disso, há o risco de o BNPL exacerbar problemas de endividamento entre os consumidores, o que exige que as empresas adotem medidas de mitigação, como a execução de análises de crédito rigorosas anteriormente citadas.
Todas essas dificuldades podem ser solucionadas ao colaborar com provedores especializados em BNPL por meio de modelos "as a Service", assim empresas podem fortalecer suas posições no mercado de pagamentos e oferecer uma experiência de checkout mais dinâmica e acessível, sem perder o cliente durante o processo, tendo toda parte regulatória e tecnológica sanada pela plataforma expert contratada.
Para as fintechs, big techs e empresas de pagamento, a inovação contínua no modelo BNPL será crucial para se manterem competitivas. Isso inclui não apenas a melhoria da velocidade e confiabilidade das transações, mas também a integração do BNPL com outras plataformas financeiras e o Open Finance. Além disso, o BNPL pode se tornar uma peça-chave nas estratégias de marketing e relacionamento com o cliente, oferecendo benefícios exclusivos que incentivem a lealdade à marca.
As empresas devem considerar o BNPL como uma parte essencial de sua estratégia de crescimento, não apenas como uma alternativa de pagamento, mas como uma nova via de receita e fidelização. Desenvolver uma abordagem ágil e centrada na experiência do usuário será fundamental para o sucesso da implementação do BNPL, garantindo que ele se torne uma ferramenta poderosa para impulsionar o crescimento e a inovação nos negócios.
Danilo Porto, sócio da QI Tech.