O complexo equilíbrio entre privacidade de dados e avanço tecnológico

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A inteligência artificial já deixou de ser uma simples "buzzword" para se tornar uma parte recorrente da vida dos brasileiros. Inclusive, me arrisco a dizer que dificilmente você conseguiria passar um dia inteiro sem esbarrar em algum produto ou serviço que usa inteligência artificial.

Por isso, era esperado que, mais cedo ou mais tarde, a Meta também entrasse nesse jogo. E foi o que eles fizeram ao anunciar a incorporação de IA generativa ao WhatsApp, Instagram e Facebook para enriquecer a interação dos usuários nas plataformas.

Dentro dos aplicativos da Meta, essa IA generativa age como um assistente virtual – responsável pela criação de imagens, vídeos e figurinhas a partir de um comando simples dado pelo usuário. Ela permite também buscar informações sobre cinemas, restaurantes, viagens, entre outros, sem que se tenha que sair dos aplicativos nem das conversas.

Alguns países foram usados como beta testers desta IA e a previsão era que ela estivesse disponível em julho para o público brasileiro. No entanto, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) suspendeu cautelarmente a liberação desses recursos por discordar das mudanças na política de privacidade da Meta, que falavam sobre os dados usados para o treinamento desta inteligência artificial.

O que torna este caso emblemático é que ele ilustra perfeitamente a complexidade que é equilibrar proteção de dados e avanço tecnológico – especialmente em tecnologias tão recentes como a IA.

Antes de tudo, preciso frisar que é inegável que as regulamentações são essenciais para garantir que as novas tecnologias sejam usadas de forma ética e segura. No entanto, quando essas regulamentações são implementadas de forma morosa e não acompanham o ritmo acelerado da inovação, corremos o risco de sufocar o desenvolvimento e limitar o potencial transformador dessas novas tecnologias.

Penso que é necessário usar este caso para abrir um espaço de diálogo contínuo entre desenvolvedores, reguladores e outros stakeholders para que decisões como esta não fiquem paradas por meses e sem nenhum indício de resolução no horizonte.

Porque demoras como essa causam insegurança jurídica e podem desestimular que empresas nacionais busquem desenvolver tecnologias semelhantes e isso pode ser prejudicial para o mercado como um todo.

De novo, não estamos falando aqui em abrir as portas e deixar todas as tecnologias emergentes correrem sem nenhuma regulamentação. Mas sim pensarmos em como agilizar esses processos e debates para que eles não se tornem um entrave para a inovação no Brasil.

Porque uma coisa é certa: cada vez mais tecnologias disruptivas vão aparecer em velocidades assombrosas. E é preciso que nossos reguladores estejam equipados para responder a elas com celeridade e, claro, com o interesse dos cidadãos em mente.

Caio Borges, country manager da Infobip.

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