A revolução da economia do dinheiro digital

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Diante da popularização e da quebra das barreiras de entrada para que as empresas possam oferecer serviços financeiros para a população, está ocorrendo uma rápida evolução da economia sem dinheiro em papel, ou cashless economy. 

Conforme a consultoria de negócios PWC, o volume de transações financeiras digitais em todo o mundo terá um incremento de 80% até 2025, representando o montante de 2 trilhões de transações por ano, sendo que até 2030 esse número irá triplicar. 

Antes, o custo de entrada no mercado financeiro era muito alto e com isso, as empresas escolhiam grandes mercados para atuar. Hoje, organizações menores podem atender nichos e com isso, é possível popularizar os serviços financeiros. O que oferece possibilidades para empresas ingressarem neste setor, disponibilizando soluções com inovação e tecnologia, para atender nichos e necessidades específicas. 

A revolução do cashless economy 

Este mercado evoluiu em ciclos, sendo que o primeiro deles foi representado pelos cartões de plástico, que receberam investimentos intensivos e, por isso, havia uma concentração de players no mercado. Então, ocorreu a abertura de mercado muito bem colocada e gerida pelo regulador, o que trouxe uma profusão de empresas e soluções, fazendo com que as ofertas financeiras saíssem da comoditização, e fez também com que as ofertas fossem quase que personalizadas. 

Atualmente, vivemos uma era na qual o consumidor está no centro das operações, com o advento da troca mais intensa do dinheiro em espécie pelo dinheiro digital, que está circulando cada vez mais e de fato vai fazer com que o mercado evolua muito rápido. 

Desta forma, fica claro que o que promove e intensificará a cashless economy, não é só a tecnologia, mas sim o resultado de ações do regulador e também da adoção do consumidor. Atender as necessidades dos clientes com agilidade, segurança e praticidade vai determinar quem vai ou não fazer sucesso neste setor. 

Biometria e a economia cashless 

Logo, não precisaremos mais de nenhum dispositivo para realizar pagamentos e transações financeiras, pois a biometria nos confere uma identidade digital que basta como fator de autenticação. Seu uso promove uma experiência de pagamento sem fricção, podendo ser aplicada para diversos fins de autenticação, já sendo uma realidade para o chamado face login no celular e também para pagamentos com carteira digital. 

Outros exemplos são as iniciativas da Zaitt em Belo Horizonte e da AmazonGo, com lojas autônomas, que vão além dos pagamentos, oferecendo ao consumidor uma jornada mais fluida de compra e pagamento. A Zoop é parceira de serviços de pagamento da Zaitt e também já possui uma parceria com a Bem Gelado onde a tecnologia irá permitir a compra e o pagamento de refrigerantes da Coca-Cola apenas com o uso da biometria facial. 

Todo pagamento necessita de um item de autenticação e a biometria adiciona conveniência ao cliente, ao facilitar a sua experiência. Não estamos falando de algo que está no futuro, e sim de uma tecnologia que é realidade e que oferece vivências diferentes. A evolução deve prever questões de logística, pois logo será possível realizar até mesmo as compras online, apenas utilizando a autenticação facial para o pagamento. 

O importante não é a forma com que a transação financeira se realiza, mas sim a entrega de valor que oferece para os consumidores, o que faz a experiência de pagamento no varejo ser tão importante. Desta forma, estar focado no dispositivo não é inteligente, historicamente muitas indústrias perderam receita antes de entender que este não é o caminho, um exemplo são os CDs para a indústria da música, pois quando a era dos streamings teve início, o plástico desapareceu, sendo que as pessoas continuaram ou até aumentaram o consumo das músicas. 

Apesar da biometria já ser uma realidade, temos uma barreira que é o acesso aos dados. Por isso, devemos evoluir para uma era onde cada pessoa terá uma identidade única e não será preciso fazer diversos cadastros em cada empresa com que se tem relacionamento. Com o desafio de descentralização destas operações, no que diz respeito às empresas, plataformas e iniciativas. O que pode ser solucionado pelas tecnologias que o mundo cripto nos trouxe, como o blockchain. 

Brasileiro é adepto às novas tecnologias financeiras 

Um levantamento do Kantar aponta que o celular é o canal utilizado por 87% dos brasileiros para realizar pagamentos e transações financeiras de maneira geral. O mesmo estudo aponta que 52% dos respondentes estão animados com a cashless economy. 

Se olharmos um pouco antes do Pix, foi construída uma estrutura de conceito, que foi o precursor da tecnologia. A oportunidade foi capitaneada pelo regulador que teve auxílio de um grupo heterogêneo de empresas, formado por grandes bancos e fintechs, que juntos promoveram essa revolução digital na maneira de realizar pagamentos e transferências de remessas que hoje vemos com o Pix. 

Segundo o Banco Central, o número total de chaves Pix ativas no primeiro semestre de 2022 ultrapassa 478 milhões, sendo mais que o dobro da população brasileira, estimada em mais de 214 milhões de habitantes pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Também temos um Bacen com iniciativas maduras de moedas digitais, a CBDC, ou o Real Digital. O open finance é o pano de fundo que permitiu uma imensa inovação e vem criando bases sólidas para que em breve tenhamos a CBDC brasileira. 

Varejos e mercados na cashless economy 

Com a CBDC, os mercados devem entrar neste cenário mais fortemente, como por exemplo, o imobiliário, no qual uma transação de negócios, de transferência de imóvel terá a transação financeira atrelada em uma iniciativa única, gerando uma melhor experiência para as empresas e os consumidores, quando ocorrer por exemplo, uma locação ou venda de imóvel e a transferência de valores irá acontecer de maneira automática, junto da assinatura do contrato de locação ou da transferência da escritura na venda. Isso revolucionará todos os setores, o que vai transformar a dinâmica do mundo empresarial e da economia, com algo muito mais integrado do que estamos acostumados atualmente. 

Um desafio é a conexão do mercado físico e online, porém já existem diversas ferramentas que por meio de parcerias entre a indústria financeira e o varejo podem promover essa integração, visualização e o mais importante, uma experiência única para os clientes. 

O Nutap, uma iniciativa do Nubank e da Zoop, por exemplo, disrupta o mercado de pagamentos físicos ao eliminar a maquinha de pagamentos, transformando o celular do varejista e do prestador de serviços em um instrumento de recepção do pagamento via transação digital, auxiliando-os a vender mais. 

O futuro será das parcerias, com plataformas de pagamento e de serviços financeiros ágeis e em nuvem exercendo um papel fundamental nessa transformação, para promover velocidade de entrega e melhor experiência para os consumidores. Pois o mundo está muito mais complexo e o consumidor também. Quando vai pagar, este agente pode optar por transações em débito, crédito, Pix, cripto, CBDC, em lojas físicas ou online, no seu país ou de maneira internacional. Isso tudo exige uma infraestrutura muito robusta, o que só será possível por meio de alianças estratégicas, inteligentes, com as plataformas podendo ser um ator relevante nessas alianças. 

Alessandro Raposo, head de Pagamentos da Zoop.

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