Em sua segunda edição, pesquisa de Cibersegurança do país indica leve aumento no nível de segurança das companhias

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Foi divulgada nesta sexta-feira (29), em evento na sede da B3 em São Paulo, a segunda edição do estudo do Brasil para avaliar a maturidade das companhias em cibersegurança, revelando que uma parte das empresas do país está distante das recomendações e melhores práticas indicadas pelas principais agências mundiais de cibersegurança.

A Pesquisa Setorial em Cibersegurança é desenvolvida anualmente pelo Markets, Innovation & Technology Institute (MiTi) e pelo Security Design Lab (SDL), utilizando a metodologia Cyber Score, que mediu as respostas das 181 empresas participantes dos seguintes setores: Telecomunicações, Saúde, Serviços, Mídia, Tecnologia Varejo, Educação, Entretenimento, Utilities, Industrial, Financeiro, Governo, Logística, Hospitalidade entre outros. A nota média ficou em 53%, superior aos 49% do ano passado, o que indica um grau de maturidade mediano.

Com o objetivo de ampliar a discussão do tema na sociedade, a pesquisa deste ano foi apoiada por diversas instituições como a Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Associação Brasileira dos CIOs de Saúde (ABCIS), Instituto brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), ANATEL, ANEEL, Conexis, Abrint, Abramulti, Conselho & Conselheiros, ABIMDE, TelComp, Instituto Eldorado, FIPECAFI, ASSESPRO e B3. E patrocinada pelas seguintes empresas: Verta, Urbano Vitalino advogados, Elytron, Castle, Alvarez & Marsal, securityfirst, Bidweb e Howden.

A metodologia que conta com questionário de 103 perguntas segmentadas em 14 capítulos e foi aplicada por meio da plataforma Verta entre os meses de junho e outubro deste ano.

A partir dos dados colhidos, o MiTi e o SDL visam fomentar junto aos apoiadores institucionais e suas companhias o apoio as áreas técnicas e de compliance das empresas para disseminar a relevância do assunto entre os C-levels, conselhos de administração e acionistas. "A importância do tema no mercado de capitais e em toda a sociedade é crescente e sem volta. Deixou de ser um problema da TI e se transformou em um problema para todas as companhias, abertas ou não. O mundo está se movimentando no sentido de regulações mais adequadas à nova realidade e de melhores práticas, daí a importância de termos dados atualizados para entender onde estamos e, com isso, apoiar a discussão e conscientização", afirma o Prof Dr Edgard Cornacchione, presidente do MITI e professor da FEA-USP.

Melhores avaliações

As empresas que alcançaram os maiores índices de compliance em cibersegurança são dos setores da Indústria, Serviços e Financeiro. Segundo os aplicadores da pesquisa, não existe nota de corte quando a segurança da informação é analisada, pois cada empresa e setor possuem particularidades. Contudo, uma avaliação acima de 60% já é considerada boa.

"A nota de 53% na média geral demonstra muito espaço para melhorias, um cenário dentro do que apontam pesquisas globais. Estar em conformidade com as recomendações e melhores práticas em cibersegurança ajuda as companhias a estabelecerem medidas de proteção, reduzindo a sua área de exposição contra potenciais ataques", pontua Nycholas Szucko, Especialista em Cibersegurança e Conselheiro, e um dos coordenadores da pesquisa junto ao MITI.

Principais Destaques da Pesquisa:

  1. Impacto Econômico de Riscos Cibernéticos
  • Risco e impacto financeiro médio estimado em ataques cibernéticos:
  • Média de US$ 36 milhões por ataque, US$ 6,6 bilhões em potencial impacto financeiro.
  • Dificuldade em gerenciar crises:
  • 38% das empresas não possuem um Plano de Resposta a Incidentes (IRP).
  • 46% não têm Plano de Recuperação de Desastres (DRP).
  1. Governança Corporativa e Cibersegurança
  • Participação de especialistas em cibersegurança nos conselhos:
  • 28% dos conselhos não possuem membros com alguma expertise em segurança digital. (Apenas 34,25% possuem membros com qualificação documentada).
  • 49% dos conselhos não supervisionam riscos cibernéticos.
  • Relação com investidores:
  • Apesar de 68% dos investidores entenderem o impacto financeiro dos riscos cibernéticos, muitas empresas ainda falham em traduzir isso em ações práticas, como aumento de orçamento e treinamento.
  • 51,38% das companhias não possuem um relatório para investidores preparado para incluir incidentes de cibersegurança.
  • 44,20% das companhias não são capazes de relatar se os riscos de cibersegurança e incidentes anteriores afetaram ou podem afetar o resultado de suas operações.
  1. Lacunas Tecnológicas em Empresas Brasileiras
  • Autenticação e Acesso:
  • 53% ainda dependem de login e senha, práticas ultrapassadas e vulneráveis.
  • Menos de 30% utilizam Gerenciamento de Acesso Privilegiado (PAM).

 

  • Criptografia de dados:
  • Apenas 32% criptografam dados sensíveis em repouso, expondo informações críticas.
  • 82% não utilizam HSM (Módulo de Segurança de Hardware), uma prática comum em mercados maduros.
  • Inventário e monitoramento:
  • Apenas 48% possuem um inventário completo de ativos de TI.
  • 40% não conseguem determinar o impacto material de um ataque cibernético.
  1. Comparação com Mercados Maduros
  • Baixa maturidade brasileira frente a mercados internacionais:
  • 53% das companhias autenticam em sistemas críticos com login e senha, enquanto em mercados maduros, o uso de metodologias superiores passa de 80% de adoção.
  1. Setores Mais Afetados
  • Financeiro (69%) e tecnologia (54%): Maiores riscos e maior impacto financeiro estimado.
  • Saúde (47%) e industrial (60%): Infraestruturas críticas com baixas taxas de proteção e governança.
  • Governo (38%): Apenas 43% das organizações possuem autenticação baseada em risco, indicando fragilidades em proteger dados públicos.
  1. Atrasos em Investimento e Treinamento
  • 25% das empresas não possuem orçamento dedicado à cibersegurança.
  • 60% não investem em treinamento e capacitação.

 Principais resultados gerais da Pesquisa Setorial de Cibersegurança 2024

  • 38% não possuem um plano de resposta a incidentes;
  • 45% das companhias não possuem um programa regular de treinamento em segurança da informação;
  • 53% não estão preparadas para identificar e agir de modo eficaz em resposta a incidentes (ou numa crise cibernética), de forma a garantir a continuidade dos negócios;
  • 40% das companhias não possuem um CISO ou posição similar (executivo responsável pela segurança da informação);
  • 33% das companhias não possuem um DPO ou posição similar (Data Protection Officer);
  • 49% das companhias não possuem um comitê de risco com um profissional de segurança da informação e 42% não possuem nem o comitê;
  • 49% não possuem análise de impacto de negócio;
  • 38% não possuem um plano de continuidade de negócio;
  • 45% não possuem um Plano de Recuperação de Desastres (DR);
  • 67% não possuem procedimentos para analisar fornecedores estratégicos, visando antecipar riscos potenciais;
  • 53% das empresas autenticam em sistemas críticos usando login e senha;
  • 24% das empresas não possuem orçamento para cibersegurança;
  • 27% das empresas não possuem programa de pentest.

A Cadeia de Fornecedores tem sido um alvo crescente de ataques cibernéticos. Alguns ataques impactam diretamente a cadeia de suprimentos, como o ocorrido na Solar Winds, afetando mais de 18 mil empresas. "A pesquisa nos mostra um dado preocupante, 67% das companhias não implementam gestão de riscos para cadeia de fornecedores como um todo. Temos de lembrar que uma companhia pode ter a sua operação afetada, sem ter sido alvo direto de um ataque.", alerta o especialista Nycholas Szulco.

"Este tema tão relevante que afeta não só o valor de mercado das companhias, mas também coloca em questão a continuidade dos negócios e está se refletindo no custo de capital. Já vemos um encarecimento de operações de crédito por conta deste tema no mundo, assim como a revisão de notas de agências de rating levando em conta a análise de cibersegurança", diz Rafael Sasso, um dos fundadores da startup Liquid AI e professor da Iéseg School of Management, de Paris.

Metodologia da pesquisa

A metodologia Cyber Score que rodou a pesquisa no sistema da Verta (app.verta.digital), baseia-se nas principais regulações e melhores práticas de segurança globais. As respostas foram classificadas entre A, B, C, D ou E, conforme a imagem abaixo:

Cada companhia recebeu o seu relatório individual, confidencial e privado, seguindo as exigências da LGPD. As informações foram usadas de forma anonimizada para os resultados da pesquisa. O acesso e o armazenamento dos dados coletados seguem todas as normas de segurança e são controlados e auditados, com uso das mais modernas tecnologias de segurança como passwordless, zero trust e criptografia, garantindo inviolabilidade.

Acesso ao conteúdo na íntegra da Pesquisa Setorial de Cibersegurança 2024: https://verta.digital/pesquisa-ciberseguranca-2024/

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