Segurança Pública e Inovação: O papel dos centros de combate ao crime em tempo real

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Os departamentos de polícia enfrentam recursos limitados e um cenário de crimes em constante mudança. Para responder rapidamente a emergências e manter a segurança pública, é essencial que evoluam continuamente, adotando novas tecnologias e estratégias inovadoras. Nesse contexto, os centros de combate ao crime em tempo real (Real Time Crime Centers ou apenas RTCCs em inglês) surgiram como uma solução tecnológica eficiente e econômica. Esses centros aumentam a consciência situacional, melhoram a segurança dos policiais e permitem a resolução de casos com menos recursos.

RTCCs para auxiliar todo mundo

À medida que as cidades evoluem com a tecnologia, infraestrutura e populações globais, o crime também muda, dificultando o policiamento urbano. O número de policiais está diminuindo: uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) indica que entre 2013 e 2023, o efetivo caiu em 6,8% apenas no que se refere a policiais militares. Além disso, apenas 69,3% das vagas existentes para PMs no país foram preenchidas em 2024.

Mesmo com um quadro que precisa de atenção, as cidades passaram a investir em tecnologia, como câmeras e sensores, para apoiar os departamentos de polícia. Em 2021, havia 1 bilhão de câmeras de vigilância no mundo. Apesar disso, os departamentos de polícia estão ricos em dados, mas pobres em informações, devido a sistemas desconectados, o que sobrecarrega recursos e dificulta a colaboração e resposta a incidentes.

Com tudo isso, a tecnologia de RTCC oferece pontos vitais de combate ao crime que facilitam a tomada de decisões por meio de maior inteligência e melhor compreensão. Eles centralizam diversas tecnologias, ajudando a coordenar o pessoal de segurança pública para responder rapidamente a situações e focar em crimes ativos, áreas de alta criminalidade ou eventos públicos de grande escala.

Ao transmitir informações de vários sensores espalhados pela cidade, os RTCCs oferecem acesso a videomonitoramento ao vivo, reconhecimento de placas de veículos, alertas de disparos de armas de fogo, chamadas de despacho assistido por computador e bancos de dados criminais. Sua capacidade de unificar dados e operações em todos os departamentos da cidade e apresentar informações de forma significativa melhora a aplicação da lei.

Esse recurso de dados compartilhados elimina a fragmentação entre departamentos e facilita a colaboração com a comunidade, aumentando a segurança pública. Permite respostas mais rápidas e com melhor consciência situacional, auxiliando nas investigações e na gestão de evidências. Em 2019, um estudo da RAND Corporation nos Estados Unidos mostrou que um RTCC em Chicago reduziu crimes em média de 5 a 15%, com alguns distritos alcançando até 40% de redução em determinadas atividades ilícitas.

Unificando Dados e Melhorando a Segurança Pública

Os RTCCs diferem dos centros de operações tradicionais ao unificar e centralizar dados de várias fontes, como VMS (videomonitoramento ao vivo), ALPR (ferramentas de reconhecimento de placas de veículos) e câmeras corporais, em uma única plataforma. No modelo tradicional, esses dados ficam isolados em sistemas independentes, dificultando a colaboração e atrasando a resposta a emergências. Com um RTCC, as operações de segurança pública são consolidadas, permitindo uma visão integrada da cidade e facilitando a tomada de decisões informadas e rápidas.

Os dados são apresentados por meio de uma visualização baseada em mapas, oferecendo às autoridades policiais uma visão consolidada do que está acontecendo na cidade. As autoridades policiais podem, então, priorizar e coordenar as intervenções e respostas dos agentes para proteger melhor os cidadãos e tomar decisões informadas. Esses sistemas também monitoram continuamente a integridade de todos os sensores e câmeras conectados, para que possam ser verificados e receber manutenção de forma proativa.

Ademais, os RTCCs promovem a federação, onde várias entidades, como polícia, bombeiros e empresas, colaboram para melhorar a segurança urbana. Essa integração permite o compartilhamento de informações vitais e a coordenação eficiente de respostas.

Com o aumento das taxas de criminalidade e das expectativas da comunidade, os órgãos de segurança pública precisam fazer mais do que reagir a situações em andamento. A automação e a centralização dos dados adquiridos economizam um tempo valioso para os departamentos de polícia, permitindo que façam muito mais com menor número de policiais.

Adriano Salomão, Diretor de Engenharia da Genetec para América Latina.

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